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Um grupo de 50 mães de classe baixa da cidade colombiana de Arauca, na fronteira com a Venezuela, realizam uma campanha em busca de justiça por terem engravidado depois de participar de um programa oficial de planejamento familiar com anticoncepcionais falsificados.

Durante vários meses em 2008 as mulheres receberam injeções de um anticoncepcional que pensavam ser o Nofertyl, mas que, na verdade, era uma substância sem nenhum poder contraceptivo e ainda desconhecida por elas, cinco anos depois do tratamento.

As mulheres, que formaram a Associação de Mães Vítimas da Falsificação de Remédios de Arauca como plataforma de luta, consideram uma conquista a acusação da promotoria contra um suposto integrante da rede que vendeu as doses fraudulentas de Nofertyl à clinica Jaime Alvarado y Castilla.

"Nós aplaudimos o fato de, apesar de quase cinco anos depois, começarem a ser vistos os resultados, se provar que dissemos a verdade - que nos deram remédios falsos e que há culpados disso", disse à Agência Efe a representante da associação Paula Andrea Cubillos.

A promotoria acusou neste mês Fernando Sanabria de corrupção pela provisão de "mil ampolas" falsas de Nofertyl em 2008 ao centro araucano, enquanto outro distribuidor, Henry Castillo, já foi condenado a 39 meses de prisão.

A primeira ação empreendida pela associação de mulheres, lembrou Cubillos, foi um processo administrativo contra a clínica médica na qual a cada mês recebiam de graça o tratamento anticoncepcional dentro de um programa de planejamento familiar para mulheres em situação vulnerável.

"Muitas delas são mães de família porque a maioria foi abandonada pelos esposos quando ficaram grávidas; outras tiveram que se deslocar por causa do conflito armado do país. Vivem em um nível socioeconômico muito baixo, em uma humildade terrível", disse Cubillos.

Das 50 mulheres, apenas três ou quatro têm casa própria, segundo Cubillos, por isso a associação pediu "incansavelmente" subsídios às autoridades regionais e até ao próprio Ministério da Habitação.

"Foram mais de 100 mulheres que ficaram grávidas, mas só estamos associadas 50 por questões culturais", disse a representante do grupo.

Também explicou que "essas mulheres deixaram de processar porque diziam preferir cuidar de seus filhos humildemente a protestar, sem pensar que com uma indenização essas crianças teriam tido uma infância melhor" e sem ter consciência que esta falha no serviço teve "crianças como resultado" e por sorte não resultou em nenhuma morte.

Até agora, nenhuma entidade assumiu a responsabilidade por este drama. "Inicialmente nos reunimos com o prefeito e ele nos recomendou que nos associássemos para poder obter subsídios, apoios econômicos... mas estes nunca chegaram", lamentou.

Cubillos contou que "todos os anos comemoro o aniversário e o Natal com todas as crianças. Eles nasceram entre março e maio de 2009, então durante o mês de abril celebramos o aniversário de todos eles".

Da entrega de brinquedos dados por Cubillos em Arauca participam também a média de três a quatro irmãos destas crianças, que costumam rondar a mesma idade.

Para esta mãe, o mais preocupante é que depois de cinco anos, nem os laboratórios nem as autoridades sanitárias esclareceram que tipos de substâncias estiveram injetando ao invés do verdadeiro anticoncepcional.

Segundo a pesquisa nacional de Demografia e Saúde (ENDS) do departamento de Arauca, 79% das mulheres casadas dessa região não utiliza método anticoncepcional e 25% delas têm seu primeiro filho entre os 15 e os 19 anos.

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