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O Sul do Sudão votou esmagadoramente para se separar do Norte em um referendo que teve a intenção de encerrar décadas de guerra civil, disseram autoridades neste domingo (30), causando comemorações em massa na capital do Sul, Juba.

Milhares de pessoas gritaram e dançaram depois de as autoridades terem anunciado que 99,57% dos eleitores dos dez estados do Sul escolheram pela separação, de acordo com os primeiros resultados preliminares oficiais.

"É nisso que votamos, para que as pessoas possam ser livres em seu próprio país. Eu digo parabéns um milhão de vezes," afirmou o presidente do Sul, Salva Kiir.

A votação foi prometida em um acordo de paz de 2005, que encerrou décadas de conflitos entre o Norte e o Sul, que causaram a guerra civil mais longa da África e que custaram cerca de dois milhões de vidas.

Kiir, chefe do ex-grupo rebelde Movimento pela Libertação do Povo do Sudão (SPLM, na sigla em inglês), elogiou seu ex-inimigo de guerra civil, o presidente geral do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, por concordar com o acordo de 2005.

"Omar al-Bashir tomou a corajosa decisão de trazer a paz. Bashir é um campeão e devemos nos dar bem com ele," afirmou Kiir, falando em uma mistura de inglês e dialeto arábico local.

"O projeto não acabou. Não podemos declarar independência hoje. Vamos respeitar o acordo. Devemos ir com calma, para que possamos chegar em segurança para onde estamos indo," acrescentou.

Segundo os termos do acordo, o Sul do Sudão poderá declarar independência no dia 9 de julho, aguardando qualquer contestação legal dos resultados da votação.

Líderes do SPLM e do Partido Congressista Nacional, de Bashir, ainda precisam entrar em acordo sobre uma lista de assuntos políticos delicados, incluindo a posição da fronteira, a partilha das receitas do petróleo após a separação e o controle da disputada região de Abyei.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, elogiou o Norte e o Sul do país pela votação pacífica, mas disse que está preocupado sobre os assuntos não resolvidos. "A paz no Norte e no Sul do Sudão vai exigir diplomacia e paciência," afirmou ele em encontro da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia.

Os partidários da separação descreveram a votação como uma chance para encerrar anos de exploração do Norte sobre o Sul. Bashir, que fez campanha pela unidade, depois anunciou que aceitaria a secessão.

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