Destituição
EUA sabiam de movimentações, diz WikiLeaks
O processo de impeachment do presidente do Paraguai Fernando Lugo durou apenas 30 horas. Mas telegramas da embaixada americana em Assunção revelados pelo site WikiLeaks indicam que desde meados de 2009 há movimentações para a destituição do presidente paraguaio.
O documento, datado de 28 de março de 2009 e classificado como secreto, informa a existência de persistentes rumores de que o ex-chefe das forças militares paraguaias Lino Oviedo e o ex-presidente paraguaio pelo partido Colorado Nicanor Duarte estariam trabalhando juntos para retomar o poder.
A estratégia, diz a mensagem, era aproveitar qualquer "passo em falso" de Lugo. À época, uma séria polêmica sobre a concessão de um subsídio de US$ 8 milhões para plantadores de gergelim foi considerada como um possível motivo para o impeachment.
O despacho admite que o plano soa fantasioso e improvável, mas completa: "Como a história demonstra, nada é impossível no Paraguai".
Dezenas de manifestações pró-Lugo foram realizadas ontem em várias regiões do Paraguai. Os protestos organizados pela Frente Nacional de Luta pela Democracia, formada por sem-terra, estudantes, líderes sindicais e sem-teto, rechaçam o que os manifestantes chamam de "violação da democracia e da soberania popular" no processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, deposto na última sexta-feira depois de um julgamento político que durou pouco mais de 30 horas.
Foram organizados marchas e bloqueios de rodovias nas proximidades de Assunção, nas principais fronteiras com o Brasil e a Argentina e no interior dos estados de San Pedro onde se concentra o maior número de sem-terra do país , Concepción, Alto Paraná, Guairá, Itapua e Caaguazú. No início da manhã, paraguaios e argentinos bloquearam por cerca de três horas a Ponte Internacional San Roque González de Santa Cruz, entre Posadas (AR) e Encarnación (PY).
Em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu, cerca de 200 manifestantes deixaram a praça em frente da prefeitura, onde parte do grupo está reunida desde quinta-feira, por volta das 13 horas e seguiram até a aduana da Ponte da Amizade. A intenção, segundo os organizadores, era bloquear a entrada e saída de pessoas e de veículos, o que acabou impedido pela polícia. Na confusão, o trânsito chegou a ser interrompido por 15 minutos.
De acordo com os manifestantes a condução do julgamento político de Lugo teve como principal marca a inconstitucionalidade. "As acusações contra o presidente foram graves e ele teve menos de 20 horas para organizar e apresentar a defesa", observou o universitário Mario Cantero ao alertar para uma suposta intenção de se desestabilizar o país e se restaurar a ditadura.
Outro protesto, desta vez para fechar a Ponte da Amizade, está programado para hoje. Também houve manifestação a favor de Lugo em Montevidéu, no Uruguai.
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