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Depois de enterro de jovem, manifestantes jogaram pedras e pedaços de pavimento contra veículos e lojas: policiais reagiram com o lançamento de gás lacrimogêneo | Oleg Popov / Reuters
Depois de enterro de jovem, manifestantes jogaram pedras e pedaços de pavimento contra veículos e lojas: policiais reagiram com o lançamento de gás lacrimogêneo| Foto: Oleg Popov / Reuters

Manifestantes entraram em confronto com policiais nesta terça-feira (9) em frente ao Parlamento da Grécia, em Atenas. É o quarto dia seguido dos conflitos iniciados pela morte de um estudante baleado pela polícia no sábado na capital.

O enterro de Alexis Grigoropoulos na capital foi acompanhado por milhares de pessoas e marcado por protestos.

Depois, centenas de manifestantes jogaram pedras e até pedaços de pavimento contra veículos e vitrines de lojas, a que a polícia respondeu com o lançamento de gás lacrimogêneo. Cercado por manifestantes, um policial teve de disparar para o alto, mas sem provocar ferimentos em ninguém, segundo a polícia. Antes do enterro, manifestantes haviam atacado policiais com pedras e garrafas, tentando chegar ao prédio do Parlamento, também na capital. A polícia reagiu. Não há informação sobre feridos.

Também houve confrontos na cidade de Ioanina e na ilha de Corfu. No porto de Salônica, manifestantes lançaram bombas incendiárias contra policiais.

Queda de governante

Os protestos levaram o líder da oposição, George Papandreou, a pedir nesta terça-feira eleições antecipadas. As manifestações enfraquecem o já impopular governo do premiê Costas Caramanlis, que tem uma maioria frágil no parlamento e enfrenta uma crise econômica.

Caramanlis pediu a condenação unânime e o isolamento para os causadores dos distúrbios e prometeu justiça para a morte do jovem pela polícia.

"Ninguém tem direito de utilizar este fato trágico como uma desculpa para as ações de violência contra cidadãos inocentes, seus bens, contra a polícia e a democracia", disse Caramanlis depois de se reunir, em Atenas, com o presidente grego, Carlos Papoulias, a fim de discutir a tensa situação.

Violência

A morte do menino, que foi enterrado nesta terça, desencadeou uma onda de protestos violentos por Atenas e em pelo menos outras 10 cidades do país, inclusive nas turísticas ilhas de Creta e Corfu.

Na segunda (8), manifestantes incendiaram uma grande loja de departamento no centro da cidade e queimaram a árvore de Natal gigante em frente ao Parlamento.

Milhares de manifestantes quebraram janelas de bancos e lojas, queimaram latões de lixo e saquearam lojas no centro.

Os jovens pareciam controlar o centro de Atenas, atacando lojas, bancos e ministérios. Uma gigantesca árvore de Natal da cidade foi queimada. A polícia prendeu 35 pessoas, e mais de 50 ficaram feridas.

A praça Syntagma, em frente ao Parlamento, ficou tomada de gás lacrimogêneo, usado pela polícia no confronto com manifestantes. Alguns foram detidos, outros receberam golpes de cassetetes. Comunidades gregas protestaram também em cidades do exterior, como Londres e Berlim. "Não estamos mais contando, os incidentes não podem ser contados", disse um bombeiro, acrescentando que todos os carros estão nas ruas.

Mais de 130 lojas foram incendiadas na capital, frustrando os comerciantes que contavam com o Natal para recuperar parte do faturamento em queda.

Ao anoitecer, milhares de pessoas marcharam de braços dados pelas principais ruas. Anarquistas quebraram vidros de carros e chamavam os policiais de "porcos assassinos". Alguns atiravam coquetéis molotov.

Contexto

A onda de incidentes em todo o país começou após a morte de Grigoropoulos, um jovem de 15 anos, que foi baleado por um policial depois que um grupo de jovens atacou a pedradas uma patrulha policial.

A indignação com a morte do garoto se soma ao descontentamento com a economia, o que pode ameaçar o impopular governo conservador.

Na quarta-feira, o país terá também uma greve geral de 24 horas contra as reformas econômicas, e analistas prevêem que os distúrbios, os piores em várias décadas, devem prosseguir, ameaçando a continuidade no governo, cuja maioria no Parlamento é de apenas um deputado.

"Estamos vivendo momentos de uma grande revolução social", disse o ativista Panagiotis Sotiris, de 38 anos, que participava da ocupação de uma universidade. "Os protestos vão durar enquanto forem necessários."

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