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A defensora dos direitos das meninas no Paquistão Malala Yousafzai, de apenas 14 anos, apresenta quadro de saúde estável nesta quarta-feira (10) após ter uma bala extraída do seu pescoço por conta de um ataque dos talibãs ocorrido ontem.

Em uma operação que durou três horas, os médicos extraíram durante a madrugada um projétil - dos dois que a menina recebeu - que estava alojado em seu pescoço, perto da medula espinhal, segundo o diário Express Tribune.

Os médicos aconselharam que a menina seja transferida ao exterior a fim de receber um melhor tratamento, e vários meios da imprensa paquistanesa especulam que Malala será levada a Dubai assim que a equipe médica autorizar.

A menina ganhou relevância internacional há três anos, quando passou a divulgar sob um pseudônimo em um blog o regime de terror imposto pelos talibãs em sua região natal no Vale de Swat, no extremo norte do Paquistão.

Essa ousadia, assim como a de sua família, que a encorajou a seguir frequentando a escola apesar da proibição dos fundamentalistas, lhe valeu duras ameaças do grupo talibã local, dirigido pelo maulana ("mestre") Fazlulá.

Apesar de os talibãs terem sido expulsos de Swat em 2009, a ameaça seguiu vigente e ontem a menina acabou atacada quando voltava da escola com duas amigas.

"Dois homens pararam o veículo, perguntaram quem era Malala e dispararam contra ela e suas amigas", disse à Agência Efe uma autoridade policial de Swat, Wazir Badshá, que reconheceu que ninguém foi detido pela agressão ainda.

Os talibãs assumiram o ataque em um extenso comunicado enviado à imprensa local no qual afirmavam que "Malala foi atacada por seu papel pioneiro na prédica do secularismo e da chamada ilustração moderada".

O texto, assinado pelo porta-voz dos talibãs agrupados sob a sigla TTP, Ensanulá Ehsán, recorre a passagens do Corão para justificar o ataque a meninas e diz que matar Malala era uma "obrigação sob a sharia ('lei islâmica')".

O ataque teve grande impacto no país, onde Malala recebeu no ano passado o Prêmio Nacional da Paz por sua defesa da educação das meninas frente aos postulados dos fundamentalistas radicais.

O atentado suscitou a condenação de todas as autoridades do Paquistão, com o presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Raja Pervaiz Ashraf à frente, e também gerou a indignação de autoridades estrangeiras.

"O futuro do Paquistão pertence a Malala e aos valentes jovens como ela. A história não se lembrará dos covardes que tentaram matá-la na escola", disse através do Twitter a representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice.

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