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Angela Merkel disse, após encontro com os líderes da União Europeia, que quer cooperação entre os países | REUTERS/Francois Lenoir
Angela Merkel disse, após encontro com os líderes da União Europeia, que quer cooperação entre os países| Foto: REUTERS/Francois Lenoir

A chanceler alemã, Angela Merkel exigiu dos Estados Unidos um pacto de "não-espionagem" mútuo, apoiado por Berlim e Paris até o final do ano, como maneira de interromper o monitoramento da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês) de dois dos mais próximos aliados de Washington. Após encontro com os líderes da União Europeia, onde as acusações de que a NSA tinha acessado dezenas de milhares de registros telefônicos franceses e monitorado o telefone celular particular de Merkel, a chanceler afirmou que queria uma ação do presidente americano, Barack Obama, não apenas "palavras". Em um comunicado emitido após o primeiro dia da cúpula europeia, em Bruxelas, 28 líderes da UE disseram que apoiam a proposta.

"Isso significa que um quadro de cooperação entre os serviços competentes (de inteligência). Alemanha e França tomaram a iniciativa e outros Estados-membros irão aderir", afirmou.

Caso a ideia avance, esses países manteriam uma cooperação de seus serviços de Inteligência, mas não usariam suas agências para espionarem os outros membros do acordo. Merkel já havia levantado a possibilidade de um acordo de não espionagem com Obama durante uma visita a Berlim em junho deste ano - que não deu em nada. As últimas revelações, no entanto, parecem ter renovado a sua determinação de um pacto.

Em uma nova prova da espionagem indiscriminada feita pelos Estados Unidos, o jornal britânico "Guardian" divulgou um documento secreto vazado pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden segundo o qual o país monitorou telefonemas de pelo menos 35 líderes mundiais com base em contatos oferecidos por um funcionário do governo. A descoberta veio horas depois de a chanceler federal alemã, Angela Merkel - cujo celular, segundo material obtido por Snowden, foi monitorado pelos EUA - condenar duramente a espionagem de Washington, no que foi seguida por outros governantes europeus.

De acordo com o memorando vazado, pelo menos 200 números foram repassados à NSA por essa fonte. Datado de outubro de 2006 - ou seja, ainda sob o governo de George W. Bush -, o documento também indica que o compartilhamento de contatos de líderes era de praxe e incentivado pela agência: funcionários da Casa Branca e dos departamentos de Estado e Defesa recebiam pedidos para que suas agendas telefônicas fossem passadas para espiões. Por outro lado, o texto diz que os números obtidos haviam gerado pouco conteúdo relevante para a Inteligência americana. Nenhum dos 35 governantes teve o nome revelado.

Procurado pelo "Guardian", o governo americano não quis comentar o conteúdo do material. Na quinta-feira, a Casa Branca dedicou-se a tentar apagar o incêndio gerado pela revelação de que os EUA espionaram o celular de Angela Merkel. Maiscedo, a chanceler já havia criticado duramente o monitoramento americano.

"Espionagem entre países amigos é algo que não dá para acontecer", desabafou Merkel. "Precisamos confiar em nossos aliados, e essa confiança terá que ser restabelecida".

Nesta quinta-feira, foi a vez de a Itália saber que era alvo não só da NSA - juntando-se a um clube que também já incluía, na Europa, a França -, mas também da espionagem do Reino Unido. A revelação foi feita pelo jornal "L'Espresso" com base em documentos vazados por Snowden.

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