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Cidade do México – Depois de uma campanha de seis meses dominada por ataques pessoais entre os principais candidatos, os mexicanos escolhem hoje um novo presidente. Ironicamente, o próprio presidente do Instituto Federal Eleitoral, Luiz Carlos Ugalde, que é o principal árbitro do pleito, disse que a taxa de comparecimento entre os 71 milhões de votantes inscritos deverá definir o vencedor entre os dois candidatos principais, dos cinco que se apresentaram.

O esquerdista Andrés Manuel López Obrador e o direitista Felipe Calderón terminaram a campanha tecnicamente empatados nas pesquisas de opinião e a vitória de um ou de outro deve ser determinada pelos 5 milhões de eleitores indecisos. Os 32 estados mexicanos apresentam 130 mil seções eleitorais.

Democracia

Se a diferença entre os dois principais adversários for de pelo menos 1% na apuração das 6,7 mil urnas que compõem a amostragem do eleitorado, o Instituto Federal Eleitoral anunciará o vencedor três horas depois do encerramento da votação, às 23h. Na hipótese – improvável, segundo Ugalde – de isso não ocorrer, a primeira eleição presidencial mexicana realizada na plenitude democrática pode terminar numa crise política.

Outra possibilidade é que, diante de um forte absenteísmo, o candidato do PRI, Roberto Madrazo, que apareceu em terceiro lugar das pesquisas, cresça e produza um empate a três. Em qualquer dos dois cenários, haveria uma crise, porque a lei eleitoral mexicana não prevê um segundo turno entre os dois primeiros mais votados.

Em jogo está muito mais do que o nome do sucessor de Vicente Fox, o simpático fazendeiro, ex-executivo da Coca-Cola e ex-governador de Estado que seis anos atrás, num outro 2 de julho, encerrou as sete décadas do regime monolítico do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Trata-se de escolher entre duas opções diametralmente opostas, em conteúdo e estilo. López Obrador, do Partido Revolucionário Democrático, é um populista de esquerda oriundo do PRI, que se projetou como figura nacional durante os cinco anos em que ocupou a prefeitura da Cidade do México, até 2005. Felipe Calderón Hinojosa, ex-ministro de Energia do atual governo, é um político conservador desprovido de carisma que não era sequer o nome preferido da direção do Partido de Ação Nacional, de Fox, e teve de brigar para conquistar a candidatura.

Novo modelo

Uma vitória de López Obrador, que é considerado favorito, será interpretada como mais um triunfo da esquerda na América Latina. A eleição de Calderón colocará em questão a tese segundo a qual a região desencantou-se com o modelo orientado pelo mercado. A realidade, contudo, é que o vencedor, seja quem for, não terá muito espaço para levar adiante seu programa. Os eleitores, que renovarão também um terço do Senado e da Câmara de Deputados, devem manter a divisão do parlamento em três blocos, que paralisou Fox.

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