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Mural pintado no Dia dos Mortos em homenagem aos jovens atacados por policiais | EFE/Lenin Ocampo Torres
Mural pintado no Dia dos Mortos em homenagem aos jovens atacados por policiais| Foto: EFE/Lenin Ocampo Torres

Os mexicanos visitavam os cemitérios neste domingo para depositar oferendas como flores e comida nos túmulos de seus mortos, em uma data tradicional que alguns aproveitaram para protestar pelo desaparecimento de 43 estudantes em meio a uma retomada da violência.

No Dia dos Mortos, muitas famílias costumam comer ao redor do túmulo de seus entes queridos, com a crença pré-hispânica de que eles retornam para desfrutar dos festejos, que costumam ser acompanhados de música. Outros colocam em suas casas e escritórios altares com fotos e a comida preferida de seus mortos para lembrá-los de seu dia.

Mas este ano a celebração se tornou também um protesto pelo desaparecimento nas mãos de policiais de um grupo de estudantes de uma escola rural do Estado de Guerrero, em um dos piores episódios de violência que afeta o país há anos e que recrudesceu nas últimas semanas.

"É uma forma de dizer que estamos aqui. Me sinto indignado e impotente", disse Arturo Maldonado, um escultor de 49 anos que colocou livros para os estudantes em um pequeno altar que faz parte de um festival pelo Dia dos Mortos organizado na capital do país.

Na emblemática Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), estudantes e professores colocaram oferendas pedindo o retorno dos jovens, dos quais nada se sabe desde que foram detidos no fim de setembro por ordens de um prefeito que temia que a manifestação que realizavam arruinasse um encontro político.

Os jovens foram atacados por policiais na cidade de Iguala e entregues a assassinos depois de um protesto no qual tinham tomado um ônibus com o objetivo de juntar dinheiro para a escola de Ayotzinapa, na qual estudavam. No confronto, os estudantes morreram após serem baleados e outro foi encontrado morto mais tarde com o rosto esfolado.

Indignação nos altares

O governo reconheceu que o episódio representa a pior dor de cabeça com a qual o presidente Enrique Peña Nieto teve de lidar desde que assumiu em 2012, em uma crise que obrigou em outubro o govenador de Guerrero a deixar seu cargo e comoveu vários setores do país.

Em um dos altares, os retratos dos estudantes descansam entre caveras ornadas e flores típicas de cempasúchil, de uma intensa cor laranja.

Pessoas indignadas também colocaram oferendas para os 43 desaparecidos em Estados como Oaxaca.

Mais de 100 mil pessoas foram assassinadas desde que o ex-presidente Felipe Calderón lançou uma ofensiva militar contra o narcotráfico que fragmentou os cartéis no fim de 2006. Desde então, ao menos 2 mil cadáveres foram encontrados em fossas clandestinas.

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