• Carregando...
Roberto Micheletti responde questionamentos da imprensa em Tegucigalpa: "sob nenhuma circunstância o deixaremos (Zelaya) tomar posse do governo" | Orlando Sierra / AFP Photo
Roberto Micheletti responde questionamentos da imprensa em Tegucigalpa: "sob nenhuma circunstância o deixaremos (Zelaya) tomar posse do governo"| Foto: Orlando Sierra / AFP Photo

O líder interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que o presidente deposto, José Manuel Zelaya, não terá autorização para retornar ao poder. Micheletti disse que Zelaya pode receber autorização para retornar a Honduras para responder a acusações de abuso de poder, "mas sob nenhuma circunstância o deixaremos tomar posse do governo".

Nesta sexta-feira, Micheletti criticou o Embaixador dos Estados Unidos em Honduras, Hugo Llorens, porque o diplomata viajou à Nicarágua para se encontrar com Zelaya.

"O embaixador americano cometeu um grave erro e esse foi um ato de intromissão nos assuntos hondurenhos", disse Micheletti.

Nesta sexta-feira, uma pessoa ficou ferida em uma manifestação pró-Zelaya em Santa Rosa de Copán, cidade hondurenha 300 quilômetros ao oeste de Tegucigalpa. Na capital, a esposa de Zelaya, Xiomara Castro, liderou uma manifestação, após voltar na véspera da fronteira com a Nicarágua. Ela disse a manifestantes que "os golpistas estão desesperados e a força é o último recurso que lhes resta".

Os comentários de Micheletti sobre Zelaya, divulgados na noite de quinta-feira, complicam ainda mais o cenário dos esforços de mediação internacional para resolver a crise no país da América Central. Soldados expulsaram Zelaya do país em um golpe, no dia 28 de junho, condenado por quase toda a comunidade internacional, incluindo Estados Unidos, Brasil, Argentina, Venezuela, Cuba, União Europeia, Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos Estados Americanos (OEA), entre outros.

Micheletti também alertou que o governo de facto não irá tolerar mais protestos. "Nós não permitiremos mais distúrbios. Nós traremos ordem a Honduras", ele disse. Na quinta-feira, a polícia reprimiu um protesto de dois mil manifestantes na rodovia do acesso norte a Tegucigalpa. Um deles levou um tiro na cabeça e está em situação crítica; outros 25 receberam ferimentos leves e 88 foram presos pela polícia.

As declarações de Micheletti encerram dias de discursos contraditórios, que ora acenavam para uma possível volta de Zelaya para encerrar o impasse, ora rechaçavam a sugestão. Micheletti era o chefe do Congresso hondurenho que foi instalado no poder após o golpe de Estado de 28 de junho.

O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, disse na quinta-feira que Micheletti lhe telefonou e pediu que convencesse a Henrique Iglesias, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que fosse a Honduras mediar a crise e conversasse com os empresários, grupo mais renitente a aceitar a volta de Zelaya. Arias disse que a volta de Zelaya ao poder continuava a ser uma condição básica para uma visita deste tipo.

Ele disse que o enviado, fosse Iglesias ou outro, teria que se encontrar com vários segmentos da sociedade hondurenha, "especialmente empresários, que foram muito relutantes em considerar a possibilidade da restauração de Zelaya".

Um ex-funcionário do governo hondurenho também havia informado a Arias que Micheletti estava pronto para aceitar a volta de Zelaya ao poder, mas queria concessões e garantias para si próprio e para os empresários.

Mais tarde, no entanto, ainda na quinta-feira, Micheletti negou ter feito o pedido a Arias e ter retirado sua oposição à volta de Zelaya, ao se dizer "um homem de caráter que mantém suas posições".

Para complicar ainda mais a situação, o Congresso hondurenho adiou para a segunda-feira a votação de um projeto de lei que garante a anistia a todos os envolvidos no golpe, medida que poderia abrir caminho para uma solução política negociada antes das eleições presidenciais de 29 de novembro.

O governo de facto afirmou nesta semana que espera resistir às pressões internacionais até as eleições de novembro.

Os EUA e a União Europeia congelaram milhões de dólares em assistência a Honduras, dinheiro que seria usado em projetos de desenvolvimento mas também em auxílio militar. OS EUA revogaram vistos diplomáticos para quatro políticos graduados de Honduras envolvidos no golpe. As informações são da Associated Press.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]