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Nome Oficial: União de Mianmar (antiga Birmânia)Capital: YangunDia da independência (do Reino Unido): 4 de janeiro de 1948Idioma: birmanêsMoeda: kyatReligião: 89% são budistas, 4% são cristãos e 4% são muçulmanosPIB (Produto Interno Bruto): US$ 85,2 bilhões (Paridade de Poder de Compra de 2006)PIB per capita: US$ 1.800Localização: Ásia meridionalÁrea: 678,5 mil Km2População: 47,3 milhõesNível de alfabetização: 89,9%Fonte: CIA

As forças de segurança de Mianmar (a antiga Birmânia) abriram fogo a partir de duas frentes contra milhares de manifestantes, nesta quinta-feira (27), no leste de Yangun, onde continuam os protestos contra a Junta Militar, apesar da repressão policial.

Segundo a rede de televisão CNN, há pelo menos nove mortes. Já a agência de notícias "Efe" registra, no mínimo, dez, sendo uma delas um cinegrafista japonês.

O incidente começou às 16h (6h30 de Brasília) em uma habitualmente movimentada intersecção de duas avenidas principais no distrito de Tamwe, onde dois destacamentos de soldados bloquearam a passagem da marcha e começaram a atirar contra a multidão, informou a rádio "Mizzima", que não deu dados sobre as vítimas.

Uma testemunha disse à mesma emissora que entre 30 mil e 40 mil pessoas tinham se reunido em frente ao pagode de Sule.

No local, os soldados deram tiros para o alto e ameaçaram apontar para a multidão se esta não se dispersasse imediatamente. Por isso, em seguida, os ativistas decidiram ir para Tamwe.

"Houve muitos disparos, mas não sabemos quantas pessoas morreram. É uma situação terrível, mas cada vez se junta mais (gente) aos protestos", disse a testemunha.

Antes de iniciar a marcha para o leste de Yangun e depois do tiroteio, que deixou dez feridos a tiros, pelo menos cem civis foram detidos e retirados do lugar em vários caminhões militares.

Um japonês foi morto nesta quinta-feira. Kenji Nagai, de 50 anos, trabalhava como cinegrafista da agência de notícias japonesa "APF", informou um porta-voz da empresa. O governo japonês confirmou que há um morto em Mianmar, mas não sua identidade.

Esta foi a primeira morte de um estrangeiro durante os protestos em Mianmar, onde o governo reprime com violência as manifestações da oposição.

Outro estrangeiro, de nacionalidade desconhecida, mas que aparentemente estava com uma bolsa com um emblema da bandeira dos Estados Unidos e cuja câmera de vídeo foi apreendida pelos militares, também ficou ferido nos limites do pagode.

Na parte antiga da cidade, vários grupos de manifestantes foram baleados pelo Exército em uma rua comercial, enquanto um veículo foi incendiado em uma esquina próxima.

Também foi informado que um grupo de monges tinha conseguido deter alguns funcionários da Junta Militar no mosteiro de Ngwekyaryan no leste da cidade, mas depois não deram mais dados sobre o incidente.

Ngwekyaryan é um dos templos onde foram detidos durante a madrugada dezenas de religiosos e amanheceu em meio a vidros quebrados das janelas, cápsulas de balas e sangue.

Após dez dias de manifestações, a Junta Militar declarou o toque de recolher na terça-feira passada, proibiu as reuniões públicas e deteve vários líderes democráticos nas horas seguintes, além de instalar controles militares e policiais em mosteiros, pagodes e pontos-chave das principais cidades do país.

O início da crise

Desde 15 de agosto, quando o governo aumentou os preços dos combustíveis, grupos clandestinos de trabalhadores e de universitários passaram a distribuir panfletos denunciando a decisão nas ruas de Yangun e outras cidades.

Nas primeiras manifestações, em 5 de setembro, monges acabaram sendo feridos e o governo resolveu fechar o pagode (templo religioso) mais famoso da capital, Shwedagon. Organizações budistas, então, exigiram um pedido de desculpas do governo pelo incidente, o que não aconteceu e o os monges aumentaram as passeatas pacíficas, que ganharam o reforço de civis. Estes, por sua vez, aproveitam para pedir o fim da ditadura.

Caça aos jornalistas

Um destacamento militar entrou nesta quinta-feira (26) no Hotel Traders, no centro de Yangun, e começou a revistar quarto por quarto em busca de vários jornalistas estrangeiros que entraram no país com visto de turista, segundo testemunhas citadas pela emissora de rádio birmanesa "The Irrawady".

Vários furgões para levar detidos foram levados ao hotel que, com 407 quartos em 22 andares, fica na área onde ocorrem as mobilizações diárias contra o regime militar.

Dezenas de estrangeiros foram expulsos de Mianmar (antiga Birmânia) nas últimas semanas por observar ou fotografar as grandes manifestações contra a Junta Militar.

"Alguns veículos ocidentais e antigovernamentais estão colocando informações distorcidas para incentivar os protestos", alegou nesta quinta o jornal estatal "A Nova Luz de Mianmar" em seu editorial, dentro da campanha oficial em todos os veículos de comunicação do país para desacreditar as manifestações.

Os generais birmaneses contam com uma rede de espionagem e controle da informação, que se baseia em um programa desenvolvido ao longo de quatro décadas de ditadura e que custou muitos milhões de dólares.

As ligações telefônicas para o exterior nos hotéis de Yangun e de outras cidades importantes são interceptadas e, quando se usa o serviço de internet - em geral só disponível em estabelecimentos de quatro e cinco estrelas -, é preciso entregar uma cópia da mensagem.

A revista no Hotel Trades ocorreu ao mesmo tempo em que os corpos de segurança davam tiros para o alto e lançavam gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 70.000 pessoas que, pelo segundo dia consecutivo, desafiaram a proibição do Governo das reuniões públicas e fizeram manifestações em vários pontos de Yangun.

Os soldados de dois veículos militares abriram fogo, sem avisar, contra duas pessoas paradas na calçada em frente à biblioteca nacional, segundo as fontes.

Nesta madrugada, os soldados detiveram mais 800 religiosos em quatro mosteiros de Yangun, em uma operação que acabou com a morte de um monge e deixou outros sete feridos a tiros.

A Liga Nacional pela Democracia (LND), a única formação política que resiste à pressão da Junta Militar, denunciou a detenção nesta quarta-feira do porta-voz do partido, Myint Thein, e do responsável da região de Irrawaddy (leste), Hla Pay.

Ambos são homens de confiança da secretária-geral da LND e líder do movimento democrático birmanês, a vencedora do prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, a quem a Junta Militar acusa de instigar os protestos, apesar de a mesma estar sob prisão domiciliar desde 2003.

Fuga

Kyaing Kyaing, mulher do chefe da Junta Militar de Mianmar, general Than Shwe, abandonou o país e foi para a Tailândia, acompanhada por sua filha e outros familiares, enquanto dezenas de milhares de pessoas se manifestavam em Yangun e outras cidades para reivindicar democracia.

A mulher de Than Shwe, cujas fotos em atos oficiais costumam ocupar as primeiras páginas dos jornais e revistas do país, viajou na terça-feira (25) para Bangcoc. Ela levou a sua filha, Thadar Shwe, e um neto.

Os três viajaram de primeira classe num avião da companhia aérea Air Bagan, informaram para a agência de notícias "Efe" fontes diplomáticas européias.

Kyaing e Thadar, adeptas de artigos de luxo, visitam freqüentemente a capital tailandesa para compras. No ano passado, um vídeo gravado no casamento da filha do general mostrou que ela usou dezenas de brilhantes do tamanho de uma noz. Na época, ela teria recebido presentes no valor de US$ 50 milhões (quase R$ 100 milhões).

Mais sobre Mianmar

Mianmar – antiga Burma – está sob o jugo de governos militares desde 1962, quando o general Ne Win tomou o poder em um golpe de Estado. Ele isolou o país, até então cosmopolita, e instituiu uma "via birmanesa para o socialismo" que deu início ao declínio econômico do país.

Ne Win foi derrubado do poder em 1988, sendo substituído pela atual Junta Militar, que subiu ao poder em um momento muito similar ao que Mianmar vive hoje, quando o descontentamento econômico e político produziu protestos pacíficos de massa por todo o país.

Até mesmo bombeiros, uma banda de marcha da polícia e algumas unidades militares aderiram aos protestos na época. Como a atual Junta militar, o grupo que dominava o poder em 1988 só pôde recorrer a um aliado – os militares – e tinha somente uma tática para colocar em prática: a força.

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