Helicóptero da polícia sobrevoa o céu de Nairóbi perto da coluna de fumaça que sai do shopping center Westgate| Foto: Kabir Dhanji/Efe

Monitoramento

Recrutamento de militantes americanos preocupa a Casa Branca

Folhapress

Autoridades dos Estados Unidos estão acompanhando de perto os esforços que o grupo Al-Shabab, da Somália, tem realizado para recrutar cidadãos americanos. Entretanto, a Casa Branca afirmou ontem que não possui informações de americanos envolvidos no ataque ao shopping de Nairóbi, no Quênia.

"Tudo o que temos visto são relatórios que saem da Al-Shabab, mas temos que acabar com eles", disse o vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca Ben Rhodes aos repórteres, quando perguntado se americanos participaram do ataque.

"Nós os monitoramos com muito cuidado e já há algum tempo temos nos preocupado com os esforços do Al-Shabab para recrutar americanos ou pessoas dos Estados Unidos para ir para a Somália", afirmou Rhodes a repórteres.

"Portanto, esta é uma questão que tem sido seguida muito de perto pelo governo dos EUA e que nós vamos acompanhar nos próximos dias", acrescentou.

CARREGANDO :)

Obama

O presidente Barack Obama qualificou o ataque terrorista em Nairóbi como "uma atrocidade terrível". O pai de Obama é do Quênia e os EUA dão assistência ao governo queniano.

62 pessoas morreram no ataque terrorista em Nairóbi. Antes, a Cruz Vermelha havia contabilizado 68 mortes, mas corrigiu ontem o número, que pode aumentar.

Publicidade

A pior

A tomada de reféns em Nairóbi foi a pior ação extremista no Quênia desde 1998, quando a Al-Qaeda, à qual o Al-Shabab é filiado, explodiu a embaixada americana em Nairóbi, matando 213.

175 pessoas ficaram feridas na ofensiva do grupo terrorista Al-Shabab no shopping Westgate. Estima-se que algo entre 10 e 15 homens armados agiram no ataque.

Soldados quenianos guardam os arredores do centro comercial
Fumaça viria de colchões queimados pelos terroristas
Fotógrafo mira um policial logo após ouvir tiros no Westgate

Autoridades quenianas disseram ontem que suas forças estavam "no controle" do shopping Westgate em Nairóbi onde o grupo terrorista somali Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, lançou um ataque no sábado que matou 62 pessoas.

"Nossas forças estão vasculhando o shopping andar por andar em busca de alguém que tenha ficado para trás. Nós acreditamos que todos os reféns foram libertados", afirmaram o Ministério do Interior e a Coordenação do Governo Nacional, pelo Twitter.

Segundo a Embaixada do Brasil em Nairóbi, não havia brasileiros entre as vítimas do ataque.

Publicidade

O número exato de reféns, no entanto, permanece desconhecido. Ao longo do dia, a Cruz Vermelha queniana revisou para 62 o número de mortos. Ao menos 63 pessoas continuam desaparecidas. Dez suspeitos de envolvimento com o atentado foram presos pela polícia queniana.

Pela manhã, quatro grandes explosões foram ouvidas do lado de fora do shopping. Pouco depois das detonações, dezenas de soldados, alguns deles com armas pesadas, foram vistos na rua que dá acesso ao shopping. Um tanque foi posicionado no local. Segundo a polícia, os militantes atearam fogo em uma loja para criar uma tática de dispersão e tentar fugir.

Mais cedo, o ministro queniano do Interior, Joseph Ole Lenku, disse em entrevista coletiva que os militantes chegaram a incendiar colchões em um supermercado nos pisos inferiores do shopping, mas o fogo fora controlado, segundo o ministério.

Ole Lenku disse que dois agressores foram mortos ontem, elevando a três o total de militantes mortos até agora. Ele acrescentou que não havia mulheres entre os agressores, embora alguns estivessem travestidos. No entanto, uma fonte de segurança e dois soldados disseram que uma mulher branca estava entre os autores do ataque e foi morta.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, rejeitou a exigência feita no domingo pelos militantes para que o Quênia retirasse suas tropas da vizinha Somália.

Publicidade

Kenyatta, que perdeu um sobrinho no ataque de sábado, disse que não faria concessões na "guerra ao terrorismo" na Somália, onde tropas quenianas há dois anos colocam o grupo Al-Shabab na defensiva, como parte de uma missão de paz patrocinada pela União Africana.

O chefe do Estado-Maior queniano, Julius Karangi, disse que os pistoleiros vieram "do mundo todo", mas não citou suas nacionalidades.

Em Washington, as autoridades disseram estar monitorando os esforços do Al-Shabab para recrutar militantes nos EUA, mas afirmaram não ter informações diretas sobre o eventual envolvimento de americanos no ataque de Nairóbi.

Forças do governo agem com "cautela"

Autoridades quenianas de segurança próximas ao shop­ping disseram que as explosões ouvidas ontem, por volta da hora do almoço, ocorreram porque forças quenianas estavam abrindo caminho à força.

Publicidade

O grupo terrorista Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, havia ameaçado matar reféns se a polícia entrasse no shopping.

Ecoando outros funcionários, que destacam o sucesso no resgate de centenas de pessoas retidas no shopping depois do massacre de sábado, o ministro do Interior, Ole Lenku, afirmou que a maior parte do complexo está sob controle das autoridades e que os militantes não têm como fugir.

"Estamos fazendo tudo o que é razoavelmente possível, mas cautelosamente, para encerrar o processo", disse o ministro. "Os terroristas podem estar correndo e se escondendo em algumas lojas, mas todos os andares agora estão sob nosso controle", disse o ministro.

Terroristas do Al-Shabab vêm de vários países

De acordo com a rede CNN, os militantes que participam da ação são de várias nacionalidades. Entre os terroristas, estariam três americanos (ou cinco, dependendo das fontes), um inglês, um canadense, um finlandês, um polonês, um canadense, um queniano e duas pessoas vindas da Somália.

Publicidade

O governo do Quênia questionou as informações e disse que a identidade dos membros do grupo ainda não foi confirmada. No domingo, o presidente Uhuru Kenyatta afirmou que não retirará as tropas da Somália, exigência dos rebeldes do Al-Shabab.

Os soldados quenianos são a maioria na força de paz da União Africana que há dois anos tenta estabilizar a Somália, afetada há duas décadas por uma guerra civil.