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Parentes de Mohamed Merah jogam terra sobre seu caixão durante enterro na França | AFP PHOTO / ERIC CABANIS
Parentes de Mohamed Merah jogam terra sobre seu caixão durante enterro na França| Foto: AFP PHOTO / ERIC CABANIS

Mohamed Merah, extremista auto-proclamado da Al-Qaeda e assassino de sete pessoas, foi enterrado na França nesta quinta-feira, depois que Argel, capital da Argélia, recusou-se na última hora a aceitar seus restos.

O enterro do jihadista foi realizado no início da noite na parte muçulmana do cemitério de Cornebarrieu, no subúrbio de Toulouse, no sudoeste da França.

Pouco mais de dez pessoas, jovens na maior parte, acompanharam o corpo do matador, fechado em um caixão em madeira clara com alças douradas, e realizaram uma oração no momento em que o corpo desceu à sepultura, constataram os jornalistas posicionados na parte de fora do cemitério.

O cemitério, em teoria fechado a essa hora, foi aberto especialmente para a cerimônia em um pequeno grupo.

Mais cedo, Abdallah Zekri, representante do reitor da Grande Mesquita de Paris, anunciou que o corpo do extremista seria enterrado na França nas próximas 24 horas.

"Eu fui encarregado pela família de organizar o funeral nas próximas 24 horas na França, em acordo com as autoridades, porque a Argélia não quis receber o corpo de Mohamed Merah, justificando razões de segurança", explicou Zekri.

O transporte do corpo em um voo Toulouse-Argel pela Air Algérie havia sido anunciado pela família argelina para decolar às 13h15 (08h15 de Brasília). Enquanto os parentes se preparavam, a transferência foi negada por Argel.

Um enterro na França poderia ser considerado por muitos como a pior escolha possível.

O pai, que vive na Argélia, desejava que seu filho fosse enterrado no país de seus ancestrais, a priori na cidade de Bezzaz, em Essouagui. A mãe, que mora na França, teme que o túmulo de seu filho seja profanado. Outros acreditam que esta sepultura pode se tornar um local de peregrinação. Muitos muçulmanos consideram que um enterro na Argélia seria a melhor solução.

Enterro "o mais discreto possível"

Foram estas as mesmas preocupações que fizeram com que as autoridades locais argelinas de Medea se opusessem ao enterro de Merah em sua terra: "Este homem cometeu atos terroristas, alguns poderiam transformar o túmulo em local de peregrinação e outros poderiam profaná-lo", declarou Zekri.

"A Argélia não quer se intrometer, é um cidadão francês, nascido na França, que cresceu na França", assegurou.

"A família deseja um sepultamento simples e o mais discreto possível", ressaltou.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou a pedir que se polemizasse a respeito do enterro.

"Ele era francês, que seja enterrado e que não se faça polêmica com isso", declarou Sarkozy, consultado pela rede de informações 24 horas BFM TV durante uma viagem de campanha no sudeste da França.

Antes do enterro, o corpo de Merah estava no Instituto Médico Legal de Toulouse, onde passou por uma necropsia e onde uma incomum presença de veículos da polícia foi observada, contou uma fonte próxima da família.

O ritual de limpeza do cadáver, Al-ghusul, aconteceu na quarta-feira na maior descrição, segundo a mesma fonte.

Em relação à investigação sobre os crimes de jovem que se auto-proclamou extremista da al-Qaeda e sobre possíveis cúmplices, progrediu.

Os investigadores localizaram em St. Papoul, pequena vila situada a algumas dezenas de quilômetros de Toulouse, um carro no qual estavam um capacete e peças de uma scooter semelhante à usada por Merah no assassinato de três crianças e um professor judeu e três paraquedistas, informaram fontes próximas à investigação.

O carro, um Renault Clio registrado em Haute-Garonne (departamento de Toulouse), pertence a um homem que vive no mesmo endereço do assassino, indicou a fonte.

Em suas negociações com a polícia, quando foi cercado em sua casa, Merah havia indicado onde estava a scooter, roubada no início de março.

A descoberta de St. Papoul explicaria por que uma scooter de cores diferentes apareceu nas três cenas de crime, se a carenagem tiver sido modificada.

Além disso, um pendrive com o vídeo dos assassinatos de Toulouse e Montauban foi encontrado no bolso da calça de Merah depois de sua morte, disseram as autoridades na quarta-feira em um Tribunal Superior de Paris.

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