• Carregando...

Paris – O presidente boliviano, Evo Morales, explicou ontem em Paris sua decisão de nacionalizar o gás e o petróleo bolivianos e disse que a Bolívia precisa de sócios e não de donos de seus recursos naturais para poder se refundar de forma democrática e pacífica.

"A Europa deve entender que queremos refundar a Bolívia e que estamos apostando em mudanças estruturais democráticas e pacíficas, mas sem cair em uma confrontação armada, como ocorre na Colômbia ou no Peru. Para isto, uma das mudanças é a nacionalização dos recursos naturais", declarou Morales. Segundo o presidente, neste processo a Bolívia precisa da ajuda e dos investimentos da Europa, "mas queremos sócios, e não donos de nossos recursos".

Morales afirmou que nenhuma empresa está sendo expulsa da Bolívia: "Apenas decidimos exercer um direito de propriedade sobre nossos recursos. Todas as companhias terão o direito de recuperar seu investimento e auferir os lucros correspondentes". Segundo Morales, a nacionalização resolverá em grande parte o drama da falta de trabalho no país e melhorará as condições de vida de centenas de milhares de bolivianos.

"Não queremos recuperar a propriedade dos recursos naturais apenas por querer, mas para criar uma fonte de trabalho adicional e evitar que gente nossa venha mendigar na Europa, de onde são logo expulsos". Morales garantiu que sua decisão não é inspirada, como muitos dizem, em idéias do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e lembrou que a Bolívia deseja fortalecer a Comunidade Andina de Nações (CAN), apesar de Caracas ter abandonado o bloco.

O líder boliviano confirmou que já esclareceu com seu colega Luiz Inácio Lula da Silva a polêmica sobre suas declarações envolvendo a Petrobrás: "Alguns meios de comunicação querem nos confrontar, mas não vão conseguir isto. Sou companheiro de Lula e vamos aprofundar o diálogo e as relações diplomáticas respeitando sempre nossas diferenças".

Morales se disse um pouco frustrado com a recente cúpula UE-América Latina em Viena, na qual "predominaram os interesses dos grupos" e "deram pouca importância aos problemas concretos". O presidente se referia à negativa da Cúpula de incluir em seu documento final um pedido de extradição do ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada, que vive nos Estados Unidos.

O líder boliviano realizou uma visita de 24 horas a Paris de caráter essencialmente privado, durante a qual já foi recebido pelo prefeito da capital francesa, o socialista Bertrand Delanoe, e por diversos representantes da esquerda e de organizações sociais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]