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Cochabamba – O presidente boliviano, Evo Morales, irá apresentar ao Congresso um projeto de lei para a revogação de mandatos de autoridades por meio da realização de referendos populares. Morales, que anunciou sua nova proposta na sexta-feira à noite, quer criar mecanismos que possibilitem a destituição dele mesmo, governadores e prefeitos em casos de corrupção, má administração pública e violação dos direitos humanos.

"Se o povo sabe que, pelo voto, pode revogar um mandato, acabarão conflitos como este", disse Morales em La Paz ao fazer referência aos conflitos entre simpatizantes do governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, e sindicatos, que nos últimos dias deixaram 2 mortos e 200 feridos.

Mas a lei dificilmente será aprovada pelo Congresso, de maioria conservadora. A proposta pode ser vista como uma ameaça aos governos estaduais de oposição a Morales.

Evo elogiou a revolta dos produtores de coca contra o governador Reyes Villa. "Quero parabenizar a consciência do movimento camponês. Quando o povo reage, reage. Eu respeito a decisão dos companheiros", disse o governante, apoiando, assim, a reivindicação dos cocaleiros, que exigem a renúncia de Reyes Villa.

Morales se reuniu sábado à noite com os dirigentes da Federação de Cocaleiros do Trópico – o sindicato que lidera a mobilização e do qual Morales é presidente há duas décadas – na cidade de Cochabamba. Depois, viajou ao Equador, onde assistirá hoje aos atos de posse presidencial de Rafael Correa.

Durante um intervalo da reunião, Morales disse que os produtores de coca afirmam que o governador cometeu várias irregularidades nos primeiros 11 meses de sua gestão e que eles têm razão ao pedir a renúncia de Reyes Villa. "Fiquei surpreso com as denúncias que recebi contra o governador, que é acusado de ter enganado e humilhado o povo com uma administração falha", disse Morales.

Morales confirmou em seu diálogo com os cocaleiros que há uma "decisão firme" em torno do pedido de renúncia do governador.

"Na verdade, o que eles (Morales e os cocaleiros) querem é derrubar o governador de Cochabamba para gerar um efeito dominó, e assim derrubar todos os governadores que não estão alinhados com o governo", retrucou Reyes Villa ao jornal Opinión.

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