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Se a Bolívia se tornar membro pleno do Mercosul será para buscar ``reformas profundas'' do processo de integração em favor dos setores mais marginalizados, disse na quarta-feira o presidente boliviano, Evo Morales.

Horas antes de viajar para uma cúpula do bloco no Rio de Janeiro, Morales confirmou que o possível ingresso da Bolívia no Mercosul é um dos temas centrais do encontro.

Mas ele advertiu que, se o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN) não responderem às necessidades das maiorias, serão necessários ``outro modelos (...) de integração que resolvam os problemas econômicos do povo''.

``Queria que o Mercosul se reformasse, se a Bolívia vai entrar no Mercosul é para fazer profundas reformas (...) O Mercosul como instrumento econômico de comércio, de equilíbrio realmente deve servir para buscar soluções para os setores mais abandonados historicamente em toda a América Latina'', disse o presidente boliviano em entrevista coletiva.

``Até agora, o que eu descobri na CAN, como também no Mercosul, é que são instrumentos somente para empresários, para gente rica e não para a gente pobre'', disse Morales que, assim como seu colega venezuelano Hugo Chávez, rejeita tratados comerciais bilaterais com os Estados Unidos.

DIÁLOGO COM O BRASIL

Morales anunciou que, antes do encontro do Mercosul, se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar de vários temas bilaterais, entre eles o preço do gás que a Bolívia vende ao Brasil.

``Com muito respeito ao Brasil, ao companheiro Lula, quero dizer que a Bolívia não pode seguir subsidiando gás para o Brasil'', disse. Ele voltou a dizer que seu país não pretende ``chantagear'' o Brasil, mas sim que espera do país vizinho a mesma ''generosidade e solidariedade'' mostrada pela Argentina.

A Argentina compra o gás boliviano a 5 dólares por milhão de unidades térmicas britânicas (BTU, na sigla em inglês), enquanto o Brasil paga somente 4 dólares por milhão de BTU pelo gás bombeado a São Paulo.

``Não é culpa de Evo Morales, nem deste governo e nem do povo boliviano, mas sim de negócios muito obscuros, sujos entre algumas empresas'', disse.

As exportações de gás boliviano ao Brasil e à Argentina, que alcançaram 2 bilhões de dólares em 2006, são o principal negócio internacional da Bolívia.

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