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Mulher caminha em frente à placa que acusa congresso paraguaio de golpe | AFP PHOTO/Norberto DUARTE
Mulher caminha em frente à placa que acusa congresso paraguaio de golpe| Foto: AFP PHOTO/Norberto DUARTE

A mobilização dos paraguaios a favor do presidente destituído Fernando Lugo ganha força no país. Além da manifestação em frente à TV pública, iniciada na noite de sexta-feira, estradas também estão sendo ocupadas por partidários do ex-bispo. Lugo anunciou nesta terça-feira que não irá mais à cúpula do Mercosul na Argentina, para "não influenciar" os chefes de Estado do bloco.

Em frente à TV pública, único veículo de comunicação que permite a expressão dos paraguaios pró-Lugo, sempre há um grupo de prontidão. À noite, mais manifestantes se juntam e formam grupos de até cinco mil pessoas. Além das organizações estudantis que iniciaram o protesto, a cada dia chegam mais camponeses para engrossar o coro da chamada Frente Nacional para a Defesa da Democracia. Dentro da emissora, o clima também é de tensão: os funcionários pedem a volta do ex-diretor Marcelo Martinessi, demitido pelo novo presidente, Federico Franco. Eles afirmam que a nova direção quer modificar a programação do canal.

Um site, Paraguay Resiste, informa as manifestações programadas. Para esta quarta-feira, estão previstos protestos em pelo menos três departamentos.

"A resistência pacífica cresce a cada dia. Uniram-se à Frente pela Defesa da Democracia 15 das 16 organizações camponesas do país. Faremos bloqueios de estradas, manifestações em praças públicas... E muito particularmente em frente à TV pública, onde já houve várias tentativas de censura. A resistência será permanente até que se restabeleça o Estado de direito", afirma Ricardo Canese, secretário-geral da Frente Guazú, coalizão de esquerda responsável pela candidatura de Lugo à Presidência.

A Associação Nacional de Carperos - organização de camponeses envolvida no episódio que matou 17 pessoas em Curuguaty, considerado o estopim para a destituição de Lugo - já bloqueia várias estradas. Seu líder, José Rodríguez, diz que o movimento vai crescer e acusa o novo presidente, Federico Franco, de ter um único objetivo, "a obsessão doentia" por se manter no poder.

"Não lhe importa que haja violência nem as repressões massivas que possam acontecer - afirma Rodríguez, que reclama também que a grande imprensa não divulga as manifestações no interior do Paraguai."

Contudo, o líder dos camponeses não acredita que a classe tenha sido especialmente bem tratada pelo governo Lugo. E acredita ser esta a razão pela qual, no dia da destituição, milhares de camponeses tenham optado por ficar em casa ao invés de viajar até a capital para protestar.

Na terça-feira, houve protestos nos departamentos de Concepción, San Pedro, Caaguazú, Guairá, Caazapá, Misiones, Alto Paraná, Itapúa e Ñeembucú. No distrito de San Juan Nepomuceno, cerca de 1.500 pessoas fecharam uma estrada de acesso ao local em protesto contra "o golpe de Estado contra o presidente Lugo".

Os partidários de Federico Franco estão reagindo ao movimento: já começaram a se concentrar na praça do Congresso e convocaram para esta quarta-feira uma manifestação de apoio ao novo presidente, que diz querer evitar uma guerra civil.

Fernando Lugo quer percorrer o Paraguai, como na última campanha eleitoral, para "informar aos cidadãos o que aconteceu de fato". E ele quer atuar também na frente decisiva: apesar da desistência de ir ao encontro dos chefes de Estado dos países vizinhos, Lugo garantiu que continuará em contato com eles.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) vai enviar uma missão especial ao Paraguai e a vizinhos para avaliar a crise política. A ideia teve o apoio de quase todas as delegações, exceto Venezuela, Nicarágua, Bolívia e Equador, que queriam uma Assembleia Geral extraordinária imediatamente.

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