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Médicos belgas conseguiram realizar um transplante de traqueia após deixarem o órgão implantado no braço da paciente por cerca de dez meses, para que novos tecidos pudessem crescer e prevenir rejeição. Foi a primeira vez que a técnica foi aplicada com sucesso usando um órgão tão grande. A maneira como os médicos treinaram o corpo da paciente para receber a nova traqueia pode levar a métodos inéditos de crescer ou nutrir órgãos em pessoas.

A paciente Linda de Croock, 54 anos, viveu com dor e desconforto constantes por mais de 25 anos após ter sua traqueia esmagada em um acidente de carro. Duas peças de metal foram colocadas para manter o órgão aberto para a passagem de ar. "Antes do meu transplante, minha vida estava se tornando cada vez mais insuportável, com dor contínua e pontadas na minha garganta", conta.

Ela procurou médicos que pudessem ajudá-la e descobriu na internet que uma equipe de especialistas do hospital da Universidade Católica de Leuven, a cerca de 30 quilômetros de Bruxelas, havia realizado transplantes semelhantes com órgãos menores. "Sempre imaginei: 'Tantas coisas são possíveis, por que não uma nova traqueia?'".

Após encontrar um doador, a equipe, liderada pelo cirurgião Pierre Delaere, envolveu o órgão com tecidos da paciente e o implantou em seu antebraço esquerdo. A traqueia foi conectada a uma artéria para receber sangue. O braço foi enfaixado e engessado. Segundo ela, foi estranho e desconfortável. A paciente também teve de tomar remédios para impedir que seu sistema imunológico rejeitasse o novo órgão.

Hoje, apesar de a traqueia recebida ainda ter algum tecido do doador original, o tecido de Croock envolve o órgão de modo que ela não precisa mais tomar drogas para evitar rejeição. Levou dez meses até que a paciente pudesse deixar de tomar os remédios e ter a traqueia transplantada. Os detalhes do caso foram descritos em um artigo publicado pela edição mais recente do "New England Journal of Medicine".

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