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COCHABAMBA, Bolívia - Mais de 45 mil pessoas, a maioria camponeses, reuniram-se no encerramento da campanha presidencial do líder cocaleiro Evo Morales, numa última demonstração de força de sua candidatura à eleição de domingo. Morales pode tornar-se o primeiro presidente indígena da Bolívia, um país dividido entre as populações camponesas de sangue nativo e os descendentes de europeus que dominam a política e a economia.

- Criamos uma força política que faz tremerem os americano e oligarcas, um pesadelo para os Estados Unidos - provocou Morales, ao discursar para a multidão num estádio em Cochabamba, na região central da Bolívia.

O cocaleiro é profundo simpatizante do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e seus planos de nacionalização do gás e defesa dos plantadores coca preocupam parte da comunidade internacional e dos investidores estrangeiros.

Agitando as bandeiras azuis do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales, e a "whipala", o estandarte indígena com as cores do arco-íris, os partidários do candidato passaram horas sob chuva esperando seu discurso.

- Refundaremos a Bolívia de uma vez e acabaremos com todas as leis neoliberais - disse Morales, que prometeu "paz com justiça social, equidade, igualdade e equilíbrio" e pediu a empresários e intelectuais "uma oportunidade".

Morales é favorito nas pesquisas, com 34,2% das intenções de voto. Seu maior rival é o conservador Jorge Quiroga, cinco pontos percentuais atrás. Ele encerrou a campanha com um comício na capital econômica do país andino, Santa Cruz de la Sierra. Ele advertiu para a possibilidade da violência com uma Bolívia dividida entre ricos e pobres, no caso de uma vitória do líder indígena.

Enquanto o discurso cheio de referências religiosas de Quiroga faz adeptos na região oeste, onde estão as ricas reservas de gás, Morales tem maior aceitação no leste, onde os camponeses lutam para sobreviver.

Com um discurso anti-americano e promessas de ressuscitar a Bolívia aumentando o controle do Estado sobre as petrolíferas, o líder indígena conquistou os setores mais marginalizados de um país onde 65% dos 9,4 milhões de habitantes vivem na pobreza.

Alem disso, Morales quer a legalização da maior parte das fazendas de coca e a retirada da "folha sagrada" da lista de substâncias perigosas das Nações Unidas.

O porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, afirmou que seu país apóia há muito tempo a política antidrogas da Bolívia e espera que o novo governo mantenha o mesmo enfoque.

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