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Os países do mundo todo precisam aprender a dividir a água de forma justa a fim de evitarem conflitos em torno desse imprescindível recurso natural no momento em que o crescimento populacional e as mudanças climáticas o tornam ainda mais raro, afirmou na quinta-feira o chefe da agência de agricultura da Organização das Nações Unidas (ONU).

O setor agrícola consome 70 por cento da água doce tirada dos lagos, rios e lençóis freáticos do mundo, e essa demanda deve aumentar em 14 por cento nos próximos 30 anos, afirmou Jacques Diouf, chefe da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

"Os conflitos em torno da água podem se intensificar nas áreas com poucos recursos hídricos, e envolveriam tanto comunidades locais quanto países", afirmou Diouf em uma entrevista coletiva concedida no Dia Mundial da Água.

"A falta de instrumentos institucionais e legais adequados para compartilhar a água pode piorar condições de vida já difíceis. Na falta de regras claras e sedimentadas, o caos tenderá a dominar, e os jogos de poder desempenharão um papel excessivo", afirmou.

Segundo a FAO, enquanto os seres humanos bebem entre 2 e 5 litros de água por dia, são necessários entre 1.000 e 2.000 litros para produzir um quilo de trigo e até 15 mil litros para produzir 1 quilo de carne tirado de uma vaca alimentada com grãos.

"O verdadeiro consumo diário de água por pessoa é mil vezes maior do que o consumo aparente calculado segundo a ingestão direta", afirmou Diouf.

Atualmente, 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a recursos hídricos adequados e, em virtude da previsão de que a população mundial passe dos atuais 6,5 bilhões de pessoas para, até 2025, 8 bilhões, espera-se que 1,8 bilhão de moradores do planeta lutarão contra a falta de água naquele ano, estima a FAO.

E o aquecimento global deve aprofundar ainda mais o problema, especialmente nas regiões áridas e pobres, afirmou Diouf.

A fim de ampliar a cooperação além fronteira no uso da água, os dez países banhados pelo rio Nilo negociam um acordo de compartilhamento de água que, segundo a FAO, poderá servir de modelo para outras áreas onde os escassos recursos naturais poderão, assim, ser divididos de forma pacífica.

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