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O candidato Sergio Fajardo conquistou 4,5 milhões de votos no primeiro turno das eleições presidenciais da Colômbia no domingo (27) | JOAQUIN SARMIENTOAFP
O candidato Sergio Fajardo conquistou 4,5 milhões de votos no primeiro turno das eleições presidenciais da Colômbia no domingo (27)| Foto: JOAQUIN SARMIENTOAFP

A três semanas do segundo turno da eleição presidencial da Colômbia, os dois finalistas decididos na votação do último domingo (27) já saíram à caça dos 6,4 milhões de votos dados aos derrotados na disputa.

Em discursos logo após o primeiro turno, o direitista e favorito Iván Duque, 41, e o esquerdista Gustavo Petro, 58, acenaram generosamente ao terceiro colocado, Sergio Fajardo, e a seus 4,5 milhões de eleitores.

Nesta segunda (28), porém, Fajardo disse que lidera uma ampla aliança e que "qualquer decisão de apoiar alguém será tomada apenas depois de um debate interno".

A tendência é que os eleitores de Fajardo mais à esquerda votem em Petro. Porém, quem escolheu o ex-prefeito de Medellín por ser mais centrista pode optar por Duque ou por se abster. O voto não é obrigatório na Colômbia.

"Esta eleição tem um caráter histórico", diz à Folha Juan Gabriel Tokatlian, cientista político especializado em Colômbia.

"Houve duas novidades importantes. Primeiro, uma mudança de geração. Saem de cena os protagonistas dos anos 1990 e perde força o binômio partidário Liberal e Conservador. Foi uma votação caracterizada por grandes coalizões. A outra novidade é o grande comparecimento às urnas."

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De fato, após o acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a retomada do crescimento econômico e a entrada do país na OCDE e na Otan são assuntos comentados entre os colombianos como sinais de novos tempos.

"Não somos mais párias mundiais, como éramos nos tempos de Pablo Escobar, em que nossos pais tinham vergonha de ter passaporte colombiano. Acho que as novas lideranças têm de expor isso", disse Vicky Lugones, 22, eleitora de Duque.

Duque tem vantagem

Para Tokatlian, o sucesso de Petro explica-se menos por ele se mostrar um radical e por seu passado guerrilheiro do que "por ter sido um legislador de grande influência quando foi senador, com ideias claras e boa capacidade de comunicá-las, assim como Duque, aos mais jovens. Durante a campanha, mostrou-se muito ponderado e lúcido, não um extremista."

Porém, o cientista político crê que será difícil vencer Duque, "justamente porque ele expressa melhor essa vontade de renovação geracional e uma falta de vínculos com velhos modos de fazer política". Ainda que isso inclua uma contradição, pois seu padrinho político é o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010).

Tokatlian também aponta a necessidade de um comparecimento maior do que os 53% do primeiro turno para que Petro reverta a vantagem. Indagado sobre se Duque tentaria se desvencilhar de Uribe, como fez o presidente Juan Manuel Santos, disse achar improvável.

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"A relação de Duque com Uribe é mais umbilical. Por outro lado, ele deixou claro ter ideias próprias. Creio que Uribe lhe dará espaço."

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