Nacionalização ganha efeito com apoio da Venezuela

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La Paz – Analistas bolivianos estão preocupados com a crescente influência do presidente venezuelano, Hugo Chávez, sobre o governo da Bolívia liderado por Evo Morales. Após o anúncio da nacionalização dos negócios de petróleo e gás por parte de Morales, jornalistas e acadêmicos bolivianos alertaram para a aproximação do presidente boliviano com o "chavismo" e para o progressivo distanciamento em relação ao Brasil e à Argentina. Às vésperas do encontro com os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, que acontece amanhã em Puerto Iguazú (Argentina), Chávez e Morales trocaram figurinhas ontem em La Paz.

Dias antes do anúncio da nacionalização na segunda-feira, Morales tinha se reunido com Chávez e o líder cubano, Fidel Castro, em Havana – onde os três firmaram um acordo que criava a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba), em contraposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), defendida pelos Estados Unidos. A opinião quase generalizada entre os especialistas em política de hidrocarbonetos da Bolívia é a de que Morales não teria tomado uma medida tão drástica se Chávez não lhe tivesse garantido que técnicos da estatal petrolífera venezuelana PDVSA assumiriam as operações de produção de gás e petróleo, caso a Petrobrás decidisse abandonar o país.

Por causa dessa relação, cada vez mais estreita com o presidente venezuelano, os opositores de Morales temem o que chamam de "chavização" da Bolívia. Os paralelos entre os dois líderes são cada vez mais evidentes, embora os bolivianos não tenham o cacife da Venezuela em termos de receita de petróleo.

"Evo tem assumido atitudes muito parecidas com as que Chávez adotou depois de chegar ao poder", diz Carlos Toranzo, um dos analistas mais respeitados da Bolívia. Morales desmente categoricamente que Chávez tivesse conhecimento de sua decisão de emitir o decreto de nacionalização. "Não falei desse tema nem com Chávez nem com Fidel", assegurou.