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Financiamento militar

Quem paga o quê? A negociação que pode abalar a aliança entre EUA e Coreia do Sul

Coreia do Sul
Comando das Forças Combinadas e as forças da República da Coreia realizam exercício logístico perto de Pohang, Coreia do Sul (Foto: U.S. Forces Korea)

Na semana passada os Estados Unidos interromperam as negociações com a Coreia do Sul sobre como dividir o custo da aliança militar das duas nações, injetando nova tensão no relacionamento bilateral. A questão torna-se ainda mais delicada ao levar-se em conta que Coreia do Norte e China estão aumentando seu poderio militar na região.

O presidente Donald Trump exige que a Coreia do Sul aumente em cinco vezes sua contribuição para cobrir o custo de manter uma base de 28.500 soldados americanos no país asiático, pedindo quase US$ 5 bilhões, segundo autoridades de ambos os lados. Mas essa demanda provocou raiva dos legisladores coreanos e despertou preocupações de que Trump possa decidir reduzir a presença de tropas dos EUA na Península Coreana se as negociações fracassarem – na quinta-feira (21), os EUA negaram que estavam usando as tropas como moeda de troca nas negociações de financiamento.

O principal negociador americano, James DeHart, disse que os EUA decidiram interromper as negociações na terça-feira de manhã, o segundo de dois dias de negociações planejadas. Em uma rara demonstração pública de desunião entre os aliados, ele culpou a Coreia do Sul por fazer propostas que "não respondiam ao nosso pedido de compartilhamento de ônus justo e equitativo".

"Como resultado, diminuímos nossa participação nas negociações hoje, a fim de dar tempo ao lado coreano para reconsiderar", disse ele em comunicado. "Estamos ansiosos para retomar nossas negociações quando o lado coreano estiver pronto para trabalhar com base em parceria, com base na confiança mútua."

Este ano, a Coreia do Sul concordou em pagar cerca de US$ 890 milhões pelo custo de estacionar as tropas americanas no país, pouco mais de 40% das despesas diárias. Também fornece terras para bases sem cobrar aluguel, pagou mais de 90% do custo dos US$ 10,7 bilhões gastos para mudar a principal base dos EUA para fora de Seul e comprou quantidades significativas de equipamentos militares dos EUA.

Mas Trump insiste que a Coreia do Sul, como uma "nação muito rica", precisa pagar mais. Desembolsando US$ 5 bilhões, como Trump quer, a Coreia do Sul estaria efetivamente arcando não apenas com os custos locais, mas também toda a folha de pagamento das tropas americanas que estão lá.

O principal negociador da Coreia do Sul, Jeong Eun-bo, disse que há uma "diferença significativa" entre as propostas apresentadas pelos dois lados.

"Os Estados Unidos acreditam que a parcela dos gastos com defesa deve ser aumentada em grandes quantidades por meios como a criação de uma nova categoria", disse o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul em comunicado, acrescentando que defendeu o pagamento dentro de um "intervalo mutuamente aceitável" com base em um acordo em vigor há 28 anos.

No domingo passado, os aliados anunciaram que estavam adiando exercícios aéreos planejados para salvar um processo de diálogo vacilante com a Coreia do Norte. Mas o negociador Jeong disse que não houve discussão sobre a redução da presença de tropas dos EUA no país.

A legisladora sul-coreano Lee Hye-hoon disse em uma entrevista na terça-feira que o embaixador dos EUA na Coreia do Sul, Harry Harris, insistiu com ela sobre o aumento de cinco vezes, dizendo que Seul cobre apenas um quinto das contribuições necessárias.

Horas após o término das negociações em Seul, o secretário de Defesa dos EUA, Mark T. Esper, disse a repórteres em Manila que a Coreia do Sul é um "país rico" que "pode ​​e deve contribuir mais".

Na semana passada, um grupo de 47 parlamentares sul-coreanos de esquerda emitiu uma declaração condenando a abordagem do governo Trump às negociações e argumentando que Seul precisava se tornar autossuficiente em defesa nacional. Os legisladores conservadores também expressaram preocupações.

Na segunda-feira, cerca de 300 manifestantes se reuniram do lado de fora do local onde as negociações estavam ocorrendo. Eles acusavam os Estados Unidos de "roubo", segundo informou a Agência de Notícias Yonhap da Coreia do Sul.

Seul e Washington pretendem chegar a um novo acordo de compartilhamento de custos até o final deste ano, quando o atual contrato expirar. O governo Trump deve iniciar negociações de financiamento de defesa separadas com o Japão e a OTAN no próximo ano.

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