Negociador palestino culpa Israel por "colapso" nas negociações

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Ramallah - Os Estados Unidos deveriam atribuir abertamente a Israel a culpa pelo "colapso" do processo de paz, disse o negociador-chefe palestino nesta quinta-feira, numa das avaliações mais sombrias já feitas sobre o atual estágio das negociações.

A autorização israelense para a construção de novas casas para moradores judeus em Jerusalém Oriental mostra que o governo de Benjamin Netanyahu não deseja a retomada do processo de paz, segundo os palestinos.

"É hora de o governo norte-americano dizer ao mundo que Israel tem a responsabilidade pelo colapso deste processo de paz", disse à Reuters o negociador-chefe palestino Saeb Erekat. "Israel escolheu os assentamentos, e não a paz."

Os EUA promoveram em setembro a retomada das negociações diretas entre israelenses e palestinos, após um hiato de dois anos. Mas o processo foi abandonado semanas depois, num protesto dos palestinos pela não-prorrogação de uma moratória israelense na construção de novas casas em assentamentos judaicos em territórios ocupados.

Israel argumenta que a questão da moratória dos assentamentos deve ser incluída na pauta de discussões, e não ser tratada como uma pré-condição. Netanyahu sofreu pressão dos EUA para manter a moratória, mas acabou cedendo aos interesses de aliados políticos internos que são ligados aos colonos.

Na quarta-feira, o Ministério do Interior de Israel anunciou a construção de 625 novas moradias em Pisgat Zeev, uma área residencial da Cisjordânia anexada ao município de Jerusalém --algo que a comunidade internacional não reconhece.

"Esse sinal de Israel mostra que eles não estão dispostos nem preparados para qualquer acordo para retomar as negociações," disse à Reuters Nabil Abu Rdainah, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.

Israel alega que Pisgat Zeev é parte integral de Jerusalém, cidade que por sua vez o Estado judeu aponta como sua "capital eterna e indivisível." Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como sua futura capital, e dizem que Pisgat Zeev não é um bairro, e sim um assentamento em território ocupado.

Na opinião de Erekat, a insistência de Israel em construir casas em Pisgat Zeev deveria levar os EUA a reconhecerem imediatamente a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com Jerusalém Oriental como sua capital, caso Washington deseje "preservar a solução com dois Estados."

Também se referindo às futuras obras em Pisgat Zeev, Abu Rdainah disse: "Parece que esta é uma mensagem israelense aos palestinos e norte-americanos de que eles estão rejeitando qualquer tratado que retome as negociações."