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Genebra - O Itamaraty alerta que as exigências bolivianas nas negociações sobre o comércio de gás natural devem estar "dentro do razoável", caso contrário podem inviabilizar os investimentos brasileiros na Bolívia. Em entrevista à Agência Estado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, garantiu que o Brasil respeita a soberania boliviana, mas lembra que La Paz também se beneficia do comércio com o Brasil.

Agência Estado – O projeto de um gasoduto entre Brasil, Venezuela e Argentina gerou muita polêmica com a Bolívia. A que o sr. atribui os atritos na região?

Celso Amorim – Houve muito mal-entendido nisso tudo. Os bolivianos sentiram que se tratava de uma alternativa. Não é isso. O projeto é complementar ao que existe entre o Brasil e a Bolívia. Entendemos que a Bolívia manterá um papel importante nesse cenário. Agora, há outras fontes e é bom que estejam conjugadas.

O presidente boliviano será consultado sobre o projeto?

Vamos sondar a Bolívia sobre a possibilidade de participarem do gasoduto, que é um projeto maior.

Mas a idéia do governo é tentar não ficar dependente do gás da Bolívia?

De qualquer maneira, teríamos outras alternativas. Mas nosso interesse com a Bolívia é mais que ter o gás. A Bolívia é o país que tem a maior fronteira com o Brasil. Agora, acho que a Bolívia também se beneficia. Podemos melhorar as condições? Sim, mas sempre dentro da razoabilidade. Negociei parte do gasoduto entre o Brasil e a Bolívia nos anos 90 e havia gente que até achava que não deveríamos fechar esse acordo. Mas optamos como uma alternativa também para dar fôlego para a economia da Bolívia. E demos. Naquela época, nossas importações eram de apenas US$ 30 milhões, enquanto exportávamos US$ 300 milhões aos bolivianos. Hoje, importamos US$ 700 milhões. Isso foi uma mudança radical.

Uma das reivindicações da Bolívia é de que haja uma maior remuneração pelo gás exportado?

É justo e vamos discutir. Mas precisamos ter presente sempre a razoabilidade. Chega um certo ponto que não tem condição. Não é questão de querer ou não querer. Não há condições. Tem que haver uma razoabilidade do que é uma remuneração justa e também do que é razoável para tornar viável o negócio.

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