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Chamar riquixás da Autowale é mais barato que arranjar um táxi através do Uber ou do Lyft | Prashanth Vishwanathan para The New York Times
Chamar riquixás da Autowale é mais barato que arranjar um táxi através do Uber ou do Lyft| Foto: Prashanth Vishwanathan para The New York Times

Quando Praveen Narayan Dusane começou a dirigir um riquixá motorizado nesta cidade universitária, era preciso batalhar por cada rúpia. Ele discutia com outros motoristas e negociava preços com os passageiros. Normalmente, ganhava apenas 300 rúpias, ou cerca de US$5, em um turno de 12 horas. Agora, basta que Dusane verifique as mensagens de texto em seu celular para montar seu cronograma, com uma média de uma corrida por hora. O negócio está indo tão bem que ele recentemente comprou um apartamento de US$33 mil e conseguiu matricular suas três filhas em uma escola de inglês. "Antes, tinha que esperar às vezes o dia inteiro por uma corrida e mesmo assim o pagamento nem compensava; agora é como se já pudesse ver o dinheiro que vai entrar", disse.

Em um país de tráfego caótico, algumas startups estão usando a tecnologia para conectar motoristas de riquixá a seus clientes — em uma versão indiana dos aplicativos de táxis Uber e Lyft. A empresa que emprega Dusane, a Autowale, usa um programa para mapear possíveis rotas e maximizar as corridas. Os riquixás motorizados de três rodas, geralmente nas cores preta e amarela, são onipresentes na Índia. Os passageiros podem conseguir pegar um na rua, mas tudo depende de certa combinação de habilidade e sorte. A maioria dos motoristas cobra uma taxa fixa e cara, e muitas vezes recusam clientes se a corrida for muito curta ou se for para uma área da qual dificilmente conseguiriam uma tarifa de volta.

A Autowale tenta facilitar o processo, oferecendo riquixás de acordo com a demanda. Os clientes podem solicitar o transporte através do aplicativo da empresa ou no site, além do método mais antigo, o da central de atendimento. Os passageiros pagam uma taxa de conveniência de 33 centavos por viagem. Embora o Uber tenha chegado à Índia em setembro passado, o serviço é caro e voltado para táxis. A Autowale não tem todas as engenhocas do aplicativo americano — não utiliza GPS, por exemplo, e a maioria dos motoristas nem tem smartphone.

Em vez disso, os fundadores desenvolveram um algoritmo que prevê a rota provável de um riquixá durante o dia para então distribuir as corridas. Só aí a agenda do motorista é enviada através de mensagens de texto. A empresa promete rendimentos mais elevados e previsíveis aos motoristas, e menos corridas sem passageiro a bordo. Em troca, os condutores pagam uma comissão de 10% a 15% à empresa — que ainda não é rentável, mas divulgou uma receita de cerca de US$335 mil no ano passado.

A primeira versão do Autowale, fundada por Janardan Prasad e Mukesh Jha, amigos desde a faculdade, falhou.

Eles inicialmente desenvolveram uma rede de 400 riquixás em Pune, porém, o número de passageiros não era suficiente.

"O problema foi a falta de compromisso de ambos os lados. Tudo funciona como em um namoro. É preciso determinação para que dê certo", disse Prasad.

Em 2011, os sócios reformularam o modelo, começando com cinco motoristas e prometendo-lhes um rendimento específico, mesmo que não conseguissem passageiros suficientes. Aos passageiros, prometeram riquixás mediante reserva.

"Dissemos a eles, ‘Trabalhem conosco por seis meses e lhes daremos as corridas e as tarifas para melhorar sua renda’", acrescentou Prasad. Em três meses, tinham 75 motoristas em seu sistema e executavam até 100 viagens por dia.

A Autowale agora possui 850 motoristas — incluindo 250 regulares — e transporta cerca de 100.000 passageiros por ano.

Em suas instalações, que funcionam também como área de treinamento, realiza workshops regulares. Foi preciso ensinar alguns mais velhos a ler mensagens de texto e a obter o número de uma chamada para contatar o cliente.

"Eles só sabiam que havia dois botões — o verde para receber e o vermelho para terminar uma chamada", disse Prasad.

Uma das áreas de foco tem sido ensinar aos funcionários o conceito de retenção de clientes. Para eles, as chances de encontrar os mesmos passageiros com frequência são elevadas. E se não se comportarem corretamente, podem diluir a marca e seus próprios rendimentos.

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