Uma marca que recebeu pedradas (e flores) por sua visão de família moderna no ano passado voltou recentemente com mais uma parábola de 30 segundos sobre a diversidade desta vez durante o jogo de futebol do Super Bowl, a maior vitrine de publicidade nos Estados Unidos.
A marca é o cereal Cheerios, que gerou uma enxurrada de críticas online na última primavera no Hemisfério Norte, graças a um comercial que mostrava um casal inter-racial. Em vez de fugir da controvérsia, o fabricante do Cheerios, a General Mills, decidiu produzir uma sequência.
A sequência traz os mesmos atores, retratando a mesma família contemporânea do original: pai negro, mãe branca e uma filha mestiça. O enredo desta vez é focado no pai contando à filha que ela logo terá um irmão, e em sua cômica reação.
"Como milhões de americanos, nós simplesmente nos apaixonamos por essa família", declarou Camille Gibson, vice-presidente de marketing do Cheerios. "O grande jogo nos ofereceu outra oportunidade para contarmos uma história sobre o amor familiar".
A General Mills não pretendia ser provocativa quando introduziu o primeiro comercial, explicou Gibson, e tampouco pretende isso agora. Na verdade, os anúncios refletem que "existem muitos tipos de famílias e nós celebramos todas elas".
Comerciais com elencos diversificados, com "a cara da América", tornaram-se cada vez mais comuns conforme a composição demográfica do país foi se alterando. Há anúncios com pais solteiros ou divorciados, pessoas falando espanhol, casais do mesmo sexo, consumidores com deficiências e casais inter-raciais.
E foi a natureza inter-racial do elenco do Cheerios que irritou algumas pessoas online, que usaram uma linguagem furiosa e abertamente racista contra a propaganda original.
A reação foi tão intensa que a General Mills, que havia publicado o anúncio no YouTube após a transmissão na TV, rapidamente desabilitou a função de comentários no vídeo.
No entanto, os visitantes têm expressado uma aprovação esmagadora pelo comercial clicando no botão "curtir" do YouTube. As opções "Curtir" superam as "Não Curtir" em mais de 20 para 1.
Houve também uma efusão de comentários positivos em plataformas como a página do Cheerios no Facebook; pontuações elevadas de empresas de medição como Ace Metrix e Kontera; e elogios de figuras públicas como Chirlane McCray, uma mulher negra casada com um homem branco Bill de Blasio, atual prefeito de Nova York.
Tudo isso fez a General Mills considerar uma sequência que reunisse o elenco original.
Como ocorreu com o primeiro comercial, o anúncio do Super Bowl trouxe comentários cáusticos nas redes sociais, mas os ataques não foram tão furiosos quanto os da última primavera. Comentários críticos incluíram "Talvez na próxima semana o papai encontre um emprego", e "Que nojento".
Quando o anúncio original teve uma resposta cheia de ódio, alguns atribuíram isso a uma discussão sobre o comercial no Reddit, o popular site social de notícias. Alguns afirmaram que os críticos do presidente Obama filho de um pai negro com uma mãe branca teriam usado o comercial como uma maneira de atacá-lo.
Outra teoria sustentava que o catalisador era o destaque a uma família inter-racial no anúncio de uma marca tão importante quanto Cheerios, desafiando os valores tradicionais de alguns telespectadores.
Cheerios não é a única marca grande com um comercial de elenco diversificado. Durante as Olimpíadas de Inverno, a divisão Chevrolet da General Motors divulgou um anúncio para a minivan Traverse que incluía dois casais do mesmo sexo, um de homens e um de mulheres, como parte do tema "O novo nós".
Segundo Tim Mahoney, diretor de marketing global da Chevrolet, o comercial transmitia que "seja você de uma família tradicional ou moderna, o importante é sempre manter sua família segura".
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