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Artistas plásticos de Los Angeles esculpiram drone de barro para protestar contra mortes | J. Emilio Flores para The New York Times
Artistas plásticos de Los Angeles esculpiram drone de barro para protestar contra mortes| Foto: J. Emilio Flores para The New York Times

No "thriller pipoca" mais recente da Marvel, o Capitão América combate a Hydra, organização malévola que infiltrou os mais altos escalões do governo dos Estados Unidos.

Há ataques de mísseis, perseguições de carros, explosões enormes, assassinos perversos, supercomputadores que garimpam dados e drones assassinos gigantes, prontos para reduzir pessoas a pó. Qual foi a inspiração? O presidente Obama, candidato da esperança e transformação.

Cinco anos e meio depois de iniciada sua presidência, Obama vem tendo impacto forte sobre a cultura popular americana.

Mas o que chama a atenção de muitos roteiristas, romancistas e artistas visuais não é a história inspiradora do presidente negro. Em vez disso, eles encontraram tramas mais convincentes nas partes sombrias e moralmente dúbias do legado de Obama.

Um festival virtual de cinema, livros, teatro, gibis, programas de TV e pintura vem usando como sua narrativa subjacente a realidade muitas vezes soturna da atual presidência americana.

Na operação de comandos ordenada por Obama para assassinar o terrorista Osama bin Laden está a base das ações do fictício presidente Ogden nos gibis "Godzilla".

Vários episódios do seriado "The Good Wife", da CBS, incluem o misterioso grampeamento dos personagens principais pela Agência Nacional de Segurança americana (NSA, em inglês).

Artistas na Califórnia protestam contra o uso de drones, esculpindo um aparelho Predator de barro. Em Nova York, dramaturgos exploram a decepção com o ritmo das transformações sociais, com "Mr. Obama’s America".

Alguns artistas focam especialmente as revelações sobre espionagem feitas pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden e a lista presidencial de alvos terroristas a serem atacados por drones.

"A guerra dos drones é realmente um elemento que virou marca registrada da política externa de Obama", comentou Trevor Paglen, fotógrafo cujas imagens difusas de drones em voo são expostas em galerias de todo o mundo.

"Vivemos num momento caracterizado pela vigilância de massa. Acho que a arte pode nos ajudar a chamar a atenção para certas coisas. Pode contribuir para o vocabulário que empregamos."

Em 2012 a artista Kara Walker polemizou com um desenho em preto e branco exposto na biblioteca pública de Newark, em Nova Jersey. O desenho incluía uma imagem de Obama diante de um pódio sob uma cruz em chamas.

O título é "O arco moral da história idealmente pende em direção à Justiça, mas com a mesma facilidade pende de volta na direção da barbárie, do sadismo e do caos irrestrito".

Em Nova York, a série do dramaturgo Richard Nelson encenada no Public Theatre explorou as vidas de familiares que, entre outras coisas, se desiludem com Obama e suas promessas de mudança.

"A comunidade artística muitas vezes é de esquerda ou progressista", comentou Nato Thompson, curador chefe do grupo de arte Creative Time, de Nova York.

"As pessoas se sentem traídas por um presidente que despertou seu entusiasmo profundo. Há um grande sentimento de traição."

Questões como a disparidade racial nas prisões americanas muitas vezes viram matéria-prima de pinturas, poemas, desenhos e peças, disse Thompson.

Joe Russo, que com seu irmão Anthony dirigiu "Capitão América – O Soldado Invernal", disse que cineastas e outros artistas tratam dos temas sombrios da Presidência de Obama porque hoje sabe-se mais sobre o que o governo está fazendo.

Mas, para ele, Obama vem sendo mais transparente em relação a algumas partes de sua agenda de segurança nacional, incluindo os ataques com drones.

"Há milhares de anos os governos fazem coisas que não necessariamente são do interesse da população em geral", disse Russo, "ou que ofendem a moralidade da população em geral. Essas coisas normalmente ficam ocultas. Na administração Obama, elas não têm sido ocultadas."

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