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Grupo protesta contra o abate de tubarões em Perth, na Austrália | Bohdan Warchomij para The New York Times
Grupo protesta contra o abate de tubarões em Perth, na Austrália| Foto: Bohdan Warchomij para The New York Times

Enquanto os australianos corriam para as praias no auge do seu caloroso verão, um pescador profissional, contratado para a tarefa, puxava um tubarão-tigre de três metros fisgado com uma isca no litoral do Estado da Austrália Ocidental. O pescador atirou quatro vezes na cabeça do animal com um rifle calibre .22. Depois, rebocou a carcaça até alto-mar, onde ela foi largada.

A pesca, em 26 de janeiro —o Dia da Austrália, feriado nacional em que as praias costumam lotar—, foi a primeira a seguir a nova política de "apanhe e mate" na Austrália Ocidental, voltada para grandes tubarões brancos, tubarões-tigre e tubarões-cabeça-chata.

O abate oficial surge depois de sete ataques fatais de tubarões contra banhistas no Estado nos últimos três anos.

A decisão do governo do Estado tem por objetivo tranquilizar os frequentadores das praias. No entanto, horrorizou os conservacionistas e foi de encontro aos esforços globais para proteger os tubarões. Opositores da política de abate realizaram protestos e consultaram advogados sobre a possibilidade de barrar a lei na Justiça.

Algumas praias, incluindo a famosa Bondi Beach, em Sydney, na costa leste, instalaram redes para proteger banhistas. Mas as próprias redes causam controvérsia, porque outros tipos de vida marinha ficam presos a elas.

O oeste da Austrália, de modo geral, não instalou redes e preferiu confiar em patrulhas aéreas e nas praias. A região também tentou adotar um sistema de alerta, informando pelo Twitter a localização de tubarões com tarjeta de identificação. Colin Barnett, primeiro-ministro estadual, diz que o monitoramento e os alertas são insuficientes para um Estado que registrou forte aumento na frequência de ataques letais —antes dos últimos três anos, houve apenas 13 mortes no século anterior. "Eu sei que muitos australianos ocidentais que adoram usar o oceano —mergulhadores, surfistas, nadadores e suas famílias— querem mais proteção contra tubarões perigosos", afirmou o premiê estadual, antes do início do abate.

Para realizar essa prática, o Estado precisou obter isenção em relação a uma lei federal, de 1999, de proteção da biodiversidade.

O ministro nacional do Ambiente, Greg Hunt, concedeu a autorização, citando a segurança pública e a ameaça que os ataques de tubarões representam para o turismo.

Os conservacionistas dizem que o amplo impacto no ecossistema marinho torna o abate de tubarões uma medida míope. Como predadores no topo da cadeia alimentar, os tubarões regulam as populações de espécies marinhas das quais se alimentam e "removem os doentes, os fracos e os feridos", disse Jeff Hansen, diretor-gerente da Sea Shepherd Australia, entidade de defesa da vida marinha.

Eliminando-se os tubarões, disse Hansen, as populações de arraias vão dar um salto, o que levará ao esgotamento das colônias de vieiras. "Você não pode tocar em uma espécie sem afetar a que está próxima", disse ele.

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