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Já se sabe da existência dos bots – e como qualquer um pode comprar milhares de "amigos" por alguns dólares – há um tempo, mas criar essas contas falsas era difícil e exigia conhecimentos de programação; agora, qualquer um com o mínimo de noção de programação pode fazê-lo.

O resultado é que um esquema gigantesco desponta nas redes sociais, no qual os amigos falsos são quem controlam o dinheiro de verdade.

A pirâmide funciona mais ou menos assim: com um esforço mínimo, baixo um software chamado Twitter Supremacy e, por US$50 para uma licença de seis meses (que viola o termo de uso do serviço), posso criar um número ilimitado de amigos. Essas contas falsas tuítam, retuítam e seguem os outros automaticamente. Assim, com um exército de amigos falsos ao meu dispor, posso então cobrar daqueles que querem aumentar o número de seguidores ou promover determinados tuítes. Um deles, que só se manifestou sob a condição de anonimato, já que o que faz viola os termos de uso das redes sociais, conta que gerencia centenas de milhares de bots no Instagram e ganha até bem "empurrando" posts para as páginas populares do aplicativo. E que fabrica todos os tipos de reação, incluindo comentários nas fotos e seguimento de conta. Mais ainda, seus clientes incluem gente e marcas famosas, além do pessoal comum que quer uma injeção de moral no ego.

E é aqui que entra o dinheiro de verdade. Imagine, por exemplo, que uma famosa como Kim Kardashian, que tem 25 milhões de seguidores no Twitter, tenha recebido US$10 mil para tuitar sobre a ShoeDazzle; ou que Charlie Sheen, com onze milhões de seguidores, ganhe US$50 mil para tuitar sobre o site internships.com.

Inúmeros relatos dão conta de que famosos, políticos e companhias compram seguidores para aumentar sua suposta importância on-line.

A prática é tão comum que a StatusPeople, empresa de gerenciamento de rede social de Londres, tem uma ferramenta chamada Fake Follower Check que consegue dizer quantos seguidores falsos a pessoa possui. Segundo esse instrumento, seis por cento dos fãs de Kardashian nas redes são falsificados, ao passo que entre os de Sheen, doze por cento não existem.

O ator não comentou a informação, nem respondeu meu pedido para fazê-lo; a moça, através de sua assessoria de imprensa, garante que nunca comprou seguidores. (Vale observar que tanto celebridades como outros usuários geralmente não têm controle sobre esse número; as "bot farms" seguem um famoso, seja ele cliente ou não.)

Por um único tuíte, atualização do Facebook ou foto no Instagram, as marcas estão dispostas a pagar até US$50 mil para celebridades do primeiro escalão.

O Facebook diz que descobre de 67 a 137 milhões de perfis falsos por ano; o Twitter afirma que cinco por cento, ou 24 milhões, de suas contas são bots. O Instagram está lotado de milhões deles, que copiam os perfis das pessoas, compartilham suas fotos e deixam até comentários nas imagens.

"Isso prova que a publicidade nas redes sociais é uma bolha gigante. Todo mundo faz questão de anunciar seus números como prova de sucesso e popularidade, mas é sabido que grande parte dos retuítes e favoritos vêm dos bots", comenta Tim Hwang, cientista da Pacific Social Architecting Corp., grupo de pesquisa que estuda o fenômeno.

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