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Cigarros eletrônicos com tanque proporcionam mais nicotina | Sandy Huffaker /The New York Times
Cigarros eletrônicos com tanque proporcionam mais nicotina| Foto: Sandy Huffaker /The New York Times

Os cigarros eletrônicos parecem ser mais seguros do que os normais, porque as pessoas não os acendem ao fumar.

Sem queima, não ocorre a produção de substâncias químicas derivadas do tabaco, incluindo cerca de 60 carcinógenos.

Mas pesquisas sugerem que alguns cigarros eletrônicos esquentam tanto que produzem substâncias cancerígenas em níveis similares aos encontrados em cigarros tradicionais.

Um estudo a ser publicado neste mês na revista "Nicotine and Tobacco Research" revelou que os cigarros eletrônicos conhecidos como "sistemas de tanque" produzem o formaldeído.

A toxina cancerígena é formada junto com o vapor de nicotina tragado. Um segundo estudo indica conclusões semelhantes.

Ambos os estudos concentraram-se nos sistemas de tanque, membros em rápida ascensão da família dos cigarros eletrônicos.

Ao contrário dos cigarros eletrônicos descartáveis, que tendem a imitar a aparência e a sensação dos cigarros convencionais, os sistemas de tanque normalmente são dispositivos maiores, aquecidos com baterias que podem variar em potência.

Os usuários enchem os cigarros eletrônicos com nicotina líquida, ou "e-liquid", e os dispositivos vaporizam aquele fluido, produzindo uma fumaça com forte descarga de nicotina.

Maciej Goniewicz, do Instituto Roswell Park para o Câncer, em Buffalo (Nova York), que coordenou o primeiro estudo, disse que as pessoas que usam os sistemas "querem mais nicotina, mas o problema é que elas também estão ingerindo mais tóxicos".

Para complicar a questão, os sistemas de tanque são fabricados em diferentes países. No segundo estudo, o foco era em como as pessoas usam os dispositivos para criar mais vapor .

Em vez de carregar os sistemas de tanque com a nicotina líquida, os usuários pingam gotas do fluido no aquecedor.

Com o gotejamento, o líquido se aquece com tanta intensidade que o formaldeído e outras toxinas relacionadas "se aproximam da concentração em cigarros", disse o médico Alan Shihadeh, da Universidade Americana de Beirute, chefe da pesquisa.

Os pesquisadores disseram que as reações químicas se aplicam não apenas à nicotina líquida, mas também a outros dois ingredientes cruciais na maioria dos líquidos usados: glicerina vegetal e propilenoglicol.

O estudo do Instituto Roswell revelou que, quando a voltagem da bateria aumentou de 3,2 volts para 4,8 volts, os níveis de toxinas subiram consideravelmente.

"Esta descoberta sugere que, sob certas condições, os cigarros eletrônicos podem expor seus usuários a níveis iguais ou até maiores de formaldeídos, como a fumaça do tabaco", segundo o estudo do Roswell.

Os cigarros tradicionais criam dezenas de substâncias cancerígenas, disse Prue Talbot, da Universidade da Califórnia.

Os cigarros eletrônicos não costumam gerar calor suficiente para criar combustão, uma forte razão pela qual as autoridades de saúde acreditam que eles se mostrarão menos prejudiciais do que os cigarros.

Shihadeh disse: "Se eu estivesse numa câmara de tortura e você dissesse que eu tinha que tragar algo, eu escolheria um cigarro eletrônico em vez de um cigarro normal".

Os novos sistemas de tanque estão explodindo em popularidade e transformando o mercado, disse Bonnie Herzog, uma analista do setor. Ela previu que as vendas nos Estados Unidos irão "superar os US$ 2 bilhões (R$ 4,42 bilhões)" por ano.

Especialistas dizem que os sistemas de tanque atraem os jovens, que gostam de produtos que possam ser personalizados em termos de sabor e potência e que se adaptam à rápida mudança tecnológica.

"A tecnologia está bem à frente da ciência," disse Shihadeh. "Estamos criando essas coisas e não entendemos as implicações."

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