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A Empresa Packard, abandonada e decadente, vendida por US$ 405 mil. Abaixo, o novo proprietário, Fernando Palazuelo | Andrew Burton/Getty Images; ABAIXO, Fabrizio Costantini para The New York Times
A Empresa Packard, abandonada e decadente, vendida por US$ 405 mil. Abaixo, o novo proprietário, Fernando Palazuelo| Foto: Andrew Burton/Getty Images; ABAIXO, Fabrizio Costantini para The New York Times

No final de agosto, Fernando Palazuelo viajou quase 6 mil quilômetros de Lima, no Peru, para fazer uma solicitação simples.

"Estou interessado em comprar a fábrica Packard e quero falar com o responsável".

Com isso, Palazuelo, um construtor de edifícios destruídos, desde a Europa até a América do Sul, estava a caminho de comprar a maior e mais emblemática feiura da cidade – a fábrica abandonada da Packard Motor Car.

Existem apostas arriscadas em imóveis comerciais, e então existe a Packard – vazia, vandalizada e se deteriorando há décadas. No entanto, a aquisição de Palazuelo do extenso local da Packard com 16,2 hectares, em 31 de dezembro é parte da improvável corrida pelas terras ocorrendo em Detroit, onde investidores de todo o mundo estão lutando para comprar propriedades vazias em um mercado historicamente agonizante.

Os prédios vazios de Detroit têm atraído compradores de todo o mundo, como uma empresa chinesa que no ano passado comprou duas torres de escritórios e os investidores individuais da Europa e da Ásia que têm adquirido casas por menos de 1 mil dólares cada. Contudo, nenhum acordo chamou tanto a atenção da cidade como a compra de Palazuelo.

Ele venceu um leilão para a compra da fábrica dilapidada da Packard por US$ 405 mil dólares – um pedaço da decadência industrial cheio de lixo e coberto de pichação no coração do bairro em ruínas.

Os US$ 405 mil dólares de Palazuelo representam uma pequena parcela dos 350 milhões que ele afirma precisar nos próximos 10 anos para transformar a Packard em um empreendimento de uso misto.

As probabilidades não intimidam Palazuelo, que está tentando levantar o capital para o projeto através dos contatos comerciais nos Estados Unidos, na Europa e na América do Sul.

"Sempre entrei em cidades problemáticas no passado", disse. A comunidade das construtoras de Detroit está intrigada com a estratégia de Palazuelo para reconstruir partes da Packard ao longo do tempo.

"É muito dinheiro, mas qualquer edifício daquele tamanho custa muito", disse Dan Pitera, professor de Arquitetura da Universidade de Detroit em Mercy. "Mas é viável se fizer uma coisa de cada vez".

A odisseia pessoal de Palazuelo o faz um candidato a altura para assumir tal aposta. Ele ficou rico convertendo prédios abandonados em galerias de arte e apartamentos em sua terra natal, Espanha, apenas para perder tudo na recessão de 2008. Depois de pedir falência e de sair de um amargo divórcio, ele se mudou para Lima, atraído pela propriedade barata disponível.

Então em julho, Palazuelo leu no jornal local que Detroit tinha dado entrada no maior pedido de falência municipal da história americana, e ele imediatamente sentiu uma oportunidade.

A empresa de Palazuelo, a Arte Express, revitalizou aproximadamente doze propriedades mais antigas em Lima. Vários edifícios estavam vagos há décadas.

"É uma contribuição positiva para a estética dessa parte da cidade", disse Julian Corvacho, advogado do braço imobiliário do governo municipal de Lima. "As propriedades reformadas também atraíram empresas que voltaram a operar no centro".

Palazuelo, de 58 anos, passou pela fábrica durante uma recente visita a Detroit para se encontrar com as autoridades da cidade e potenciais investidores em seu plano de longo prazo.

A fábrica da Packard está rodeada de ruas desertas e terrenos com pilhas de lixo. No dia após o Natal, a polícia encontrou um cadáver em uma de suas muitas estruturas. Porém, as desvantagens não detêm Palazuelo, que vê a fábrica como uma tela para o seu sonho de construir um complexo para a indústria leve, armazéns, escritórios e atividades recreativas".

"Muitas pessoas já me disseram que este é o último lugar para eu investir dinheiro, mas para mim, Detroit é minha nova casa. Começaremos as obras e depois veremos quem quer nos acompanhar", concluiu.

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