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A Palantir Technologies tem um trabalho profundamente complexo e sigiloso e é uma das mais valiosas empresas privadas de tecnologia do Vale do Silício.

Fundada em 2004, em parte com US$ 2 milhões da Agência Central de Inteligência (CIA), a Palantir criou um software que já descobriu redes terroristas e mapeou rotas de trânsito seguras em uma Bagdá devastada pela guerra. Também rastreou ladrões de carros e ajudou na recuperação de desastres. Seu software foi usado no JPMorgan Chase para deter as fraudes cibernéticas e na Hershey para aumentar os lucros do chocolate.

A tecnologia é complexa, mas a premissa é simples: o software consome enormes quantidades de dados —desde o volume das chuvas locais a transações bancárias— e tira conclusões com base nessas combinações improváveis. Onde há probabilidade de ocorrer um atentado terrorista? Qual é uma má aposta financeira?

Neste ano, a Palantir, baseada em Palo Alto, Califórnia, deverá faturar cerca de US$ 1 bilhão, na maior parte de companhias privadas interessadas em adaptações de seu software de inteligência. Embora ela ainda não seja rentável, os investidores deram à empresa quase US$ 900 milhões ao todo. A rodada mais recente, em dezembro passado, vendeu ações da Palantir para investidores com uma avaliação implícita da empresa em US$ 9 bilhões.

Tudo isso fez seus investidores, que incluem alguns dos fundos de investimento mais bem-sucedidos do mundo, aguardarem ansiosamente por uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).

Mas Alex Karp, 46, cofundador e executivo-chefe da Palantir, que tem doutorado em filosofia e uma visão idealista da empresa, diz que está resistindo à grande riqueza. Ele teme que o dinheiro —e a ênfase no preço da ação— destrua a missão da Palantir: usar seu software para melhorar o mundo. Uma IPO "é corrosiva para nossa cultura, corrosiva para nossos resultados", disse ele.

"Quando você está salvando o mundo, combatendo fraudes e o trabalho escravo, você pode fazer grandes coisas", disse Karp, que possui cerca de 10% da empresa.

A companhia não cobra pela maior parte de seu trabalho humanitário, o que é uma fonte de orgulho interno. Ela cresce com a venda de software para empresas privadas. No início, a Palantir, com algumas centenas de funcionários, tinha uma cultura interna de discussão de temas. Mas hoje a companhia é muito maior (1.500 empregados), o que torna mais difícil estabelecer um consenso. Deveria ela continuar trabalhando com o governo britânico, apesar de suas duras leis de imprensa? Os contratos continuam. Alguns empregados não querem que a Palantir ajude Israel porque discordam de suas políticas para os palestinos. Ainda há contratos com os israelenses. A Palantir não trabalha com a China.

Peter Thiel, investidor do Vale do Silício e orgulhoso libertário, pensou a Palantir em 2003, um ano depois de ter vendido o PayPal para o eBay. Ele contratou Karp, um amigo da faculdade, assim como veteranos do PayPal. A Palantir começou com uma ideia do PayPal. A certa altura, o PayPal estava perdendo o equivalente a 150% de sua receita para cartões de crédito roubados. Então descobriu como os computadores poderiam identificar atividades suspeitas em escala global. Os fundadores da Palantir pensaram que a mesma abordagem funcionaria para a segurança nacional. A CIA deu aos fundadores introduções a outros esquemas de espionagem.

Para criar uma empresa no setor privado, Thiel chamou Michael Ovitz, ex-diretor dos Estúdios Disney, que pensou que a Palantir poderia ser usada para vender anúncios on-line. Mas a crise na habitação mudou seu modo de pensar. Os bancos tinham milhares de casas em arresto em todos os Estados Unidos, e não sabiam como limpar o estoque em um mercado em colapso.

"A ideia era escolher um banco, e o resto viria atrás", disse Ovitz. O JPMorgan foi o primeiro. Assim como a Palantir descobriu como circular por Bagdá analisando ataques à beira da estrada e imagens de satélite, ela deduziu os preços de venda das casas examinando matrículas nas escolas, tendências de emprego e vendas no varejo. Dados que o JPMorgan pensou que levaria anos para integrar foram postos em ação em poucos dias.

O JPMorgan ainda usa a empresa para cibersegurança, detecção de fraudes e outros trabalhos, carregando 0,5 terabyte de dados no sistema da Palantir a cada dia, segundo um vídeo da companhia. Um porta-voz do JPMorgan não quis comentar projetos específicos. Jim Rosenthal, do Morgan Stanley, outro cliente da Palantir, disse: "Nenhum ser humano pode olhar todas as fontes de dados ao mesmo tempo".

Clientes do governo também lutam com a explosão de dados. Preet Bharara, procurador dos Estados Unidos em Nova York que usou a Palantir, disse: "Tudo se torna mais difícil quanto mais o crime se globaliza, há mais atores envolvidos, mais corretoras ao redor do mundo".

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