• Carregando...

Sentada na sede do Wyoming Liberty Group, Susan Gore, fundadora do grupo conservador, declarou que os novos padrões científicos nacionais para escolas são uma forma de "coerção", acrescentando: "Não acho que o governo deveria ter qualquer relação com a educação".

Gore, filha do fundador da empresa que fabrica o tecido impermeável Gore-Tex, falou semanas depois que o Legislativo (controlado pelos republicanos) fez do Wyoming, onde carvão e petróleo são reis, o primeiro estado a rejeitar os padrões – que incluem aulas sobre o impacto humano no aquecimento global. A resposta negativa veio apesar de uma votação unânime de um grupo de educadores de ciência do estado, pedindo a aceitação.

Em meio a uma crescente cascata de estudos documentando o derretimento das calotas polares e o aumento das temperaturas, as escolas estão cada vez mais ensinando seus alunos sobre a mudança climática – e as novas diretrizes, conhecidas como Next Generation Science Standards (padrões científicos da próxima geração, em tradução livre), até agora foram adotadas por 11 estados e pelo distrito de Columbia. Elas afirmam que a atividade humana vem afetando o clima.

Muitos veem essa afirmação como um dogma liberal em vez de um consenso científico, e querem que seus filhos a aprendam isso como uma teoria, e não um fato. Além disso, segundo alguns legisladores do Wyoming, esse tipo de ensinamento é uma ameaça ao motor econômico do estado.

Os padrões "abordam o aquecimento global como uma ciência estabelecida", afirmou o deputado estadual republicano Matt Teeters ao jornal "The Casper Star-Tribune". Ele disse que esses ensinamentos podem destruir a economia do Wyoming, maior exportador de energia do país. Ron Micheli, do Conselho Estadual de Educação, classificou os padrões como "muito preconceituosos, em minha opinião, e contra o desenvolvimento dos combustíveis fósseis".

Os novos padrões foram desenvolvidos por 26 governos de estado e diversos grupos de cientistas e professores. Eles fornecem indicações sobre o que os estudantes devem aprender em cada série, do jardim da infância à formatura no colegial.

No Wyoming, após 18 meses de estudo e comparação com padrões de outros estados, um comitê de educadores de ciência recomendou unanimemente, no último outono, que o Conselho Estadual de Educação adotasse as orientações. Em março, no final da sessão legislativa do estado, legisladores aprovaram uma nota de rodapé para o orçamento bienal, proibindo qualquer gasto público para adotar os novos padrões.

E em abril, o Conselho ordenou que o comitê de educadores criasse um novo conjunto de padrões. Micheli, o presidente e um criador de gado de Fort Bridger, disse estar preocupado com qualquer ensinamento sobre a mudança climática que não considere "a análise de custo-benefício em termos dos esforços e gastos de se colocar o aquecimento global sob controle".

No Wyoming e em outros lugares, as críticas sobre os padrões da Próxima Geração também estão sendo alimentadas por uma ampla reação contra os padrões acadêmicos nacionais no geral. Por todo o país, opositores de direita e esquerda atacaram o Common Core, um conjunto de padrões desenvolvido separadamente sobre o que os alunos deveriam saber e ser capazes de fazer em leitura e matemática, e que foi adotado por 45 estados e pelo distrito de Columbia.

Com uma eleição para governador neste ano, opor-se aos padrões "está se tornando um teste político decisivo", argumentou Richard Barrans, professor da Universidade do Wyoming que participou do comitê de análise dos padrões no estado. "Você é uma pessoa suficientemente independente e antigoverno?".

Mesmo os educadores que se identificam como conservadores disseram não ver problema nos padrões. Segundo Walter Hushbeck, professor de ciência em Cheyenne que também serviu no comitê de análise, os críticos dos padrões estão praticando "bullying".

Apoiadores dos padrões estão indignados com o que aconteceu.

"Nós reconhecemos e apreciamos a receita que sustenta este estado, da extração de petróleo e gás e da mineração de carvão, e é um fato que nossas escolas são bem financiadas por causa disso", declarou Marguerite Herman, membro do Wyoming for Science Education, um grupo de pais e educadores.

"No entanto", completou ela, "isso não muda um fato científico".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]