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Os testes obrigatórios de aptidão física haviam caído em desuso no FBI há 16 anos | Federal Bureau of Investigation/
Os testes obrigatórios de aptidão física haviam caído em desuso no FBI há 16 anos| Foto: Federal Bureau of Investigation/

Os agentes do Birô Federal de Investigações (FBI, a polícia federal americana) estão na linha de frente na luta para proteger os EUA contra terroristas islâmicos, hackers russos e espiões chineses.

Agora, eles têm uma preocupação muito mais pessoal: a cintura. Pela primeira vez em 16 anos, a FBI exigirá que os agentes passem por testes de aptidão física.

“A vida dos seus colegas e daqueles que você deve proteger pode muito bem depender da sua capacidade de correr, lutar e atirar, não importa qual cargo”, escreveu o diretor do FBI, James Comey, em circular enviada em outubro aos agentes, à qual “The New York Times” teve acesso.

Os testes de aptidão, que começaram no final de 2014, retomam a tradição iniciada pelo primeiro diretor do FBI, J. Edgar Hoover, que tinha verdadeira obsessão com o peso dos seus agentes —e também com a própria cintura, de circunferência considerável.

Mais significativamente, os exames são uma resposta às preocupações em todo o órgão sobre como a sua transformação após os atentados de 11 de setembro de 2001 sobrecarregou os agentes, deixando-os com menos tempo para a atividade física.

Depois dos atentados, quando o FBI passou a se voltar principalmente para o combate ao terrorismo, muitos agentes habituados a trabalhar em expediente normal e a investigar crimes como tráfico de drogas e violência de gangues passaram a cumprir jornadas de até 20 horas e em alguns casos foram enviados ao Iraque e ao Afeganistão.

Na mesma época, o órgão ampliou drasticamente seus esforços em duas áreas que exigem longas jornadas internas: segurança cibernética e inteligência.

Essa maior demanda se manifestou de formas diferentes. Alguns agentes engordaram, enquanto outros sofriam de ansiedade e depressão.

“Dava para ver que a saúde e a boa forma não tinham a mesma prioridade de antes”, disse Zachary Lowe Jr., chefe de instrução na academia do FBI em Quantico, que criou o teste.

Cerca de 13.500 agentes têm até outubro para fazer o exame, e os resultados serão incluídos em suas avaliações de desempenho.

O teste foi concebido principalmente para assegurar que os agentes conseguem se mover rapidamente durante um tiroteio, perseguir suspeitos e contê-los em caso de resistência à prisão.

O limite mínimo para a aprovação não é nem de longe tão elevado quanto para soldados de forças especiais ou equipes especializadas no resgate de reféns.

Agentes homens com 30 a 39 anos, por exemplo, precisam fazer 24 flexões sem parar e 35 abdominais em um minuto. Devem correr 300 metros em menos de um minuto e percorrer 1,5 milha (cerca de 2,5 quilômetros) em 12 minutos e 53 segundos.

Há um intervalo de cinco minutos entre os exercícios. Os homens, ao contrário das mulheres, geralmente são melhores nas flexões que nos abdominais. Todos têm dificuldades com a corrida.

Até agora, ninguém está se atropelando para fazer o teste, nem mesmo na sede em Washington, onde poucos agentes já se submeteram (todos passaram).

Embora o FBI nunca tenha valorizado tanto a aptidão física quanto os fuzileiros navais, seus agentes são competitivos, e muitos adiaram a realização dos exames porque estão treinando em busca de resultados melhores.

“Não é tão difícil assim”, disse Jennifer Schick, agente de combate à corrupção pública no escritório de campo de Washington e responsável por supervisionar os exames e treinos físicos.

“A maioria dos agentes não ficaria satisfeita em fazer o mínimo. Eles ficariam constrangidos, e é por isso que estão esperando.”

Para ajudá-los na preparação, o FBI está oferecendo sessões de treinamento. Uma delas aconteceu recentemente ao amanhecer no National Mall, a avenida monumental de Washington.

Lá, Schick circulava entre uma dúzia de agentes que faziam flexões até desabarem, exaustos. Eles davam piques de corrida e faziam agachamentos.

“Infelizmente, algumas pessoas me disseram ter vergonha de vir aqui mostrar aos outros como estão fora de forma, e isso é uma vergonha, porque são esses que realmente precisam”, disse ela.

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