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Proteína liberada em momentos de stress ajuda a desenvolver os músculos | jim weber/the commercial appeal,
Proteína liberada em momentos de stress ajuda a desenvolver os músculos| Foto: jim weber/the commercial appeal,

Exercícios intensos mudam o corpo e os músculos em nível molecular, de um modo que a atividade física leve não consegue, segundo um esclarecedor novo estudo. Mesmo testadas em camundongos, as descobertas somam evidências ao fato de que, para colher os maiores benefícios da malhação, provavelmente precisamos nos esforçar.

Do ponto de vista fisiológico, o exercício extenuante é melhor do que um tipo mais leve? Estudos epidemiológicos de caminhantes descobriram que as pessoas com um ritmo habitual acelerado tendem a viver mais do que aqueles com um passo mais vagaroso.

Mas não se sabe como o exercício intenso pode afetar o corpo de forma única, especialmente no nível celular.

Cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida, vêm estudando as reações bioquímicas do sistema nervoso simpático em camundongos. Ele é a parte do sistema nervoso involuntário que inicia a reação de luta ou fuga em animais, incluindo seres humanos. Numa situação como essa, o sistema nervoso simpático causa a liberação de catecolaminas, bioquímicos como adrenalina e noradrenalina que aceleram o coração, aumentam a sensação de alerta e privilegia os músculos.

No instituto Scripps, os cientistas focaram nas catecolaminas e seu relacionamento com uma proteína chamada CRTC2. Essa proteína, segundo eles, afeta o uso do açúcar no sangue e ácidos graxos pelo corpo em momentos de stress. Os pesquisadores também começaram a pesquisar o papel da CRTC2 durante os exercícios.

Embora essas catecolaminas fossem importantes na decisão instantânea de lutar ou fugir, costumava-se pensar que elas não desempenhavam uma função importante na resposta de longo prazo do corpo aos exercícios, incluindo mudanças no tamanho e resistência dos músculos.

Assim, para um estudo publicado em maio em "The EMBO Journal", Michael Conkright e seus colaboradores do instituto Scripps criaram ratos que produziam muito mais proteína CRTC2 do que outros ratos. Quando esses ratos iniciaram um programa frequente e árduo de corridas na esteira, sua resistência aumentou em 103 por cento, frente a um aumento de apenas 8,5 por cento nos ratos comuns. Os animais geneticamente modificados também desenvolveram músculos maiores e mais firmes do que os outros animais, e seus corpos se tornaram muito mais eficientes em usar a gordura dos músculos como combustível.

No fim, as catecolaminas ajudaram a aprimorar a aptidão física.

O que essa descoberta significa, segundo o dr. Conkright, é que "existe alguma verdade na ideia de ‘sem esforço, não há ganho’". As catecolaminas só são liberadas durante exercícios que o corpo percebe como fatigantes, afirmou ele.

O estudo também sugere reavaliar periodicamente a intensidade de seus exercícios, disse o Dr. Conkright, se você deseja aprimorar continuamente sua forma física.

A boa notícia é que "a intensidade é um conceito completamente relativo", argumentou o Dr. Conkright. Se você está fora de forma, uma malhação intensa pode significar uma caminhada acelerada. Para um corredor de maratonas, envolveria mais suor.

"Mas a ideia é sair da zona de conforto de seu corpo", concluiu o dr. Conkright, "pois parece haver consequências únicas quando você o faz".

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