Há pessoas passando fome diariamente em países do mundo inteiro, porém calcula-se que os alimentos perdidos ou desperdiçados globalmente atinjam o montante de cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano, o suficiente para alimentar a população mundial de 7 bilhões.
Os alemães estão fazendo sua parte para mitigar esse problema, por meio de duas iniciativas que visam limitar a quantidade de alimentos jogada no lixo. Uma delas, a Foodsharing.de, designou aproximadamente cem locais pelo país onde as pessoas podem contribuir com alimentos indesejados.
Nesses locais, geladeiras e prateleiras compartilhadas são "abertas ao público e abastecidas com sobras de festas privadas e restaurantes", noticiou o "NYT". Os comestíveis podem ser doados por pessoas que irão viajar e têm alimentos cuja validade estará vencida quando elas voltarem, ou outras que simplesmente têm muita comida para o consumo de uma só pessoa.
O site tem 55 mil usuários regulares e proíbe comida com validade vencida, carnes e peixes frescos e saladas que ficaram expostas ao sol. O "NYT" observou: "A regra básica é que as pessoas doem o que elas mesmas gostariam de comer".
O Foodsharing.de está incorporando o Lebensmittelretten.de, site com visão semelhante que arranja voluntários para recolher produtos indesejados em mercearias, padarias e outros estabelecimentos. Com cerca de 9.000 participantes na Alemanha, Áustria e Suíça, o site economizou aproximadamente mil toneladas de alimentos em 2013.
O site seleciona potenciais voluntários com base em qualidades como pontualidade. "Nossa meta é ter confiabilidade", disse Raphael Fellmer, seu fundador, ao "NYT". "Caso contrário, os gerentes dos estabelecimentos podem achar que a iniciativa é tocada por hippies irresponsáveis."
Na França, não são apenas os hippies que estão cada vez mais cientes da necessidade de diminuir o desperdício de alimentos. Em restaurantes franceses não é totalmente incomum clientes levarem as sobras de seus pedidos para casa, porém agora as autoridades da região de Lyon estão à frente de uma campanha que estimula os comensais a usarem com mais frequência sacolas para carregar as sobras.
"Um estudo que fizemos mostrou que, embora a grande maioria dos consumidores seja a favor de estimular esse hábito, muitos ainda hesitam em pedir as sobras, pois temem parecer sovinas", relatou Elisabeth Manzon, que dirige o projeto em uma agência governamental, ao "NYT".
Antigamente, era comum levar comida de restaurantes para casa, disse Jean Terlon, vice-presidente da divisão alimentar do Sindicato de Comércio e Indústria do Setor de Hospitalidade. "Isso era costumeiro, mas agora os franceses estão mais esnobes."
Mas há também limites para os alimentos que uma pessoa pode ter direito de levar para casa. Recentemente, a coluna Ethicist do "NYT" recebeu uma pergunta referente a uma empresa que oferece alimentos grátis na copa do escritório, como cereal.
Um funcionário consome uma porção diária de cereal na copa, porém argumenta que deveria poder levar o cereal para casa e consumi-lo lá antes de ir para o trabalho, pois isso aumentaria sua produtividade.
Essa visão não tem fundamento, respondeu Chuck Klosterman, o colunista. "O problema é que você está misturando um benefício trabalhista com obrigações", escreveu, salientando que a empresa não havia prometido servir o café da manhã para sua equipe.
"Brandon não teria justificativa para entrar em greve (ou sequer reclamar) se o fornecimento gratuito de salgadinhos parasse repentinamente", disse.
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