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Muitos iranianos apostam em um acordo nuclear para breve, que deve abrir oportunidades econômicas | Newsha Tavakolian/The New York Times
Muitos iranianos apostam em um acordo nuclear para breve, que deve abrir oportunidades econômicas| Foto: Newsha Tavakolian/The New York Times

O torpedo, recebido quando o prazo para as negociações nucleares estava já expirando, deixou Fatemeh Moghimi animada como há anos não ficava. E dizia: "Fecharam acordo".

A dona de uma empresa líder de transportes lembra que, depois de ter absorvido a notícia, gritou: "Estamos na jogada!"

A mensagem, porém, era uma brincadeira de mau gosto e, ao contrário do que anunciou, as discussões se estenderam por mais sete meses – o que representou uma má notícia para a fragilizada economia iraniana. Mas Fatemeh não se deixou abalar. "Não vou perder a esperança. Vai acabar logo. É como o sol, aparecendo devagarzinho através das nuvens, depois de uma tempestade terrível."

O otimismo da empresária, compartilhado por muitos colegas daqui, levou um golpe em novembro, quando os negociadores concordaram em prorrogar o diálogo sem mesmo ter a base para conversas futuras – mas a verdade é que já se tem como favas contadas nos círculos empresariais que essa extensão mais recente vai apenas adiar a aproximação inevitável entre o Irã e o resto do mundo.

"O mundo precisa desse acordo e nós também. Vai acontecer", diz Fatemeh. Tanto moderados como conservadores se preocupam com a expectativa criada em torno da firmação de um pacto – e avisam que o entusiasmo pode virar decepção se as negociações não derem certo, podendo levar até a agitações.

"A perspectiva de um futuro melhor é suficiente para fazê-los esquecer os problemas por enquanto; mais tarde veremos o preço que esse estado de espírito vai nos custar", diz o analista político Farshad Ghorbanpour.

A confiança está começando a ganhar vida própria, com os executivos dos maiores setores de exportação – petróleo e gás, transporte e tapetes – se preparando animadamente para o que preveem ser dias de gloriosa prosperidade. Reuniões e conferências com empresários estrangeiros já acontecem regularmente na capital, resultando em memorandos, acordos não vinculativos e até alguns contratos – todos com ressalvas ressaltando que só terão validade se as sanções forem suspensas.

"Assinei contratos com europeus e árabes para projetar cinco refinarias que podem representar milhões de dólares para a minha empresa, sim, mas também injetar bilhões na economia do país", vibra Mohammad Javad Hassannejad, CEO da consultoria de petróleo e gás, a Petrosadian.

Nos próximos meses a Câmara de Comércio de Teerã vai organizar uma conferência internacional para investidores estrangeiros.

Quando Fatemeh pensa no futuro do Irã, vê uma nação próspera bem no meio da rota que liga a Ásia à Europa e oriente Médio. Ela acredita que sua frota de caminhões possa crescer muito mais do que sonhou e aposta que as empresas estrangeiras vão preterir o brilho de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para se estabelecerem em Teerã, cujo crescimento deve explodir.

A onda de otimismo começou com a eleição de um presidente moderado, Hassan Rouhani, que prometeu reconectar o Irã com o mundo – e pelo visto continua encorajando esse pensamento, pois disse recentemente que "a questão nuclear será levada a cabo". Seu ministro do exterior e principal negociador, Mohammad Javad Zarif, prometeu, após a última extensão, o estabelecimento de um acordo "dentro de semanas".

"O moral está alto. A confiança vem crescendo. Depois do acordo, vamos ver um crescimento inacreditável", afirma Mohammad.

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