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Imagens da Messenger mostrando variações do terreno de Mercúrio. A imagem foi colorida para destacar essas variações | Carnegie Institution of Washington/
Imagens da Messenger mostrando variações do terreno de Mercúrio. A imagem foi colorida para destacar essas variações| Foto: Carnegie Institution of Washington/

A sonda Messenger da Nasa, em órbita ao redor de Mercúrio há quatro anos, encerrou suas atividades no dia 30 de abril ao se chocar com a superfície do planeta.

Esse é o fim de uma missão que exibiu uma imagem inusitada de Mercúrio, que até pouco tempo era visto como uma rocha sem graça, não muito diferente da lua terrestre. Mercúrio, o menor planeta do sistema solar, é pouco maior que a lua, embora passe por variações de temperatura muito mais drásticas – de 425o Celsius durante o dia a 185o negativos durante a noite.

“Foi incrível poder ver este planeta se revelar, especialmente em se tratando de um dos nossos vizinhos. Quase todos os aspectos de Mercúrio nos surpreenderam de alguma maneira”, afirmou Sean C. Solomon, principal pesquisador da missão.

A Messenger — nome que vem de Mercury Surface, Space Environment, Geo-chemistry and Ranging (Superfície de Mercúrio, Ambiente Espacial, Geoquímica e Alcance, em tradução livre) — descobriu que o planeta diminuiu de tamanho à medida que foi resfriado ao longo de bilhões de anos; encontrou antigos fluxos de lava; revelou algumas depressões enigmáticas que estão entre as características mais recentes da superfície de Mercúrio; além de confirmar a presença de gelo nas crateras eternamente escuras próximas aos polos.

O gelo, que talvez tenha alguns bilhões de toneladas, não foi uma surpresa completa. Observações feitas com telescópios a rádio indicavam que alguma coisa refletia nessas crateras, que são extremamente frias. Além de confirmar o que os cientistas já suspeitavam, a sonda Messenger fez uma nova descoberta: o gelo está coberto por uma inexplicável camada escura.

“Nós levantamos algumas hipóteses”, afirmou Solomon. O material pode ser um composto rico em carbono, parecido com substâncias encontradas em determinados meteoritos e cometas. “Sua consistência é similar à do piche. E a substância é escura como alcatrão.”

A maior descoberta científica da missão, de acordo com Solomon, foi que Mercúrio é rico em elementos “voláteis”, como cloro, enxofre, potássio e sódio, que evaporam facilmente a temperaturas moderadas. Mercúrio é um planeta pequeno e denso, cheio de ferro e muitos acreditavam que a maneira pela qual ele teria se formado deveria ter elevado o planeta a temperaturas que teriam evaporado todos esses elementos voláteis. Contudo, eles continuam lá.

Por essa razão, os cientistas precisam criar novas teorias para explicar sua formação. Quando a Nasa lançou a Messenger em 2004, o conhecimento acerca de Mercúrio era escasso. As únicas fotos da superfície tinham sido tiradas durante as três passagens da sonda Mariner 10 da Nasa, ainda nos anos 70.

Durante mais de seis anos, a Messenger passeou por todo o sistema solar interior, aproximando-se da Terra, de Vênus e de Mercúrio, até se desacelerar o suficiente para entrar na órbita deste. No dia 18 de março de 2011, a espaçonave finalmente chegou a seu destino.

A missão orbital deveria durar apenas um ano, mas foi prolongada em duas ocasiões. Agora, seu combustível chegou ao fim.

Mesmo sua destruição pode trazer informações novas ao expor o que existe abaixo da superfície — mas isso ainda vai levar algum tempo.

A Nasa ainda não planejou nenhuma nova missão com destino a Mercúrio, mas uma ambiciosa colaboração das agências espaciais da Europa e do Japão chamada BepiColombo deve ser lançada em 2017. Acredita-se que ela estará na órbita de Mercúrio no ano 2024.

Essa missão conta com dois orbitadores, um que se concentrará na superfície do planeta, e o outro no espaço próximo, oferecendo ainda mais detalhes que a Messenger.O cientista Johannes Benkhoff descreveu a Messenger como uma “missão fantástica”.

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