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 | Fotos: Todd Heisler/THE NEW YORK TIMES
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  • Os agentes da Patrulha da Fronteira observam imigrantes colocados em balsas pelos contrabandistas para a travessia do Rio Grande em março

Agentes da Patrulha da Fronteira dos Estados Unidos vestidos em uniforme verde-oliva ficam em pé às margens do Rio Grande enquanto no lado mexicano contrabandistas param furgões e descarregam imigrantes ilegais.

Os agentes estavam claramente visíveis naquela tarde recente, mas os imigrantes não se mostravam assustados. Principalmente mulheres e crianças, 45 no total, eles cruzaram o rio estreito nas balsas dos contrabandistas, se arrastaram encosta acima e se entregaram, indicando um desafio crescente para as autoridades da imigração.

Depois de seis anos de declínios acentuados pelo sudoeste dos EUA, as travessias ilegais subiram no sul texano enquanto permanecem baixas em outros lugares. A Patrulha da Fronteira realizou mais de 90 mil prisões no Vale do Rio Grande nos últimos seis meses; um aumento de 69 por cento sobre o ano passado.

Os imigrantes não são mais majoritariamente trabalhadores mexicanos. Pelo contrário, eles vêm da América Central, incluindo muitas famílias com crianças pequenas e jovens sem os pais, que se arriscam numa jornada cheia de perigos pelo México. Expulsos pelo aprofundamento da pobreza e, também, pela violência desenfreada das gangues, o número crescente de imigrantes pegos aqui buscam asilo, dando início a longos processos judiciais para determinar se estão qualificados para tanto.

Com os centros de detenção, departamentos de asilo e tribunais de imigração sobrecarregados, um número grande de imigrantes foi libertado temporariamente nos Estados Unidos, espalhando o boato em seus países de origem, na América Central, que quem chega ao solo norte-americano tem uma boa chance de permanecer. "Divulgou-se esse rumor de que estamos dando permissão e acompanhando as pessoas até a porta", afirmou Chris Cabrera, agente da Patrulha da Fronteira que é vice-presidente da seção local do sindicado nacional dos patrulheiros. "Assim, eles estão vindo em bandos".

De acordo com a lei de asilo, os agentes da fronteira devem perguntar aos imigrantes se eles têm medo de voltar aos seus países. Se a resposta for sim, os imigrantes devem ser detidos até um funcionário da imigração vir lhes entrevistar para determinar se o medo é verossímil. Se o funcionário concluir que sim, o imigrante pode pedir asilo.

Os funcionários da imigração afirmaram ter definido um padrão baixo para o teste inicial de "medo verossímil" a fim de não devolver um estrangeiro em perigo. Contudo, não melhoraram muito as chances de se conseguir asilo no final. Em 2012, os tribunais da imigração aprovaram 34 por cento dos pedidos de asilo de imigrantes que poderiam ser deportados – 2.888 casos em âmbito nacional.

Advogados afirmam que as autoridades começaram a dificultar a soltura dos imigrantes ao exigir que um número maior pagasse fiança, que pode chegar aos US$ 10 mil.

Essa notícia não chegou aos imigrantes num abrigo de freiras em Reynosa, cidade mexicana ao lado da fronteira. Vários entrevistados falaram que se dirigiam aos EUA em busca de "asilo". Eles podiam afirmar de fato que tinham medo de voltar para casa.

Luis Fernando Herrera Perdomo, 19 anos, contou ter fugido de Honduras depois que uma gangue de criminosos matou o irmão que dormia na cama ao lado da dele.

Um ex-soldado de 29 anos de El Salvador que pediu para ser identificado somente como Jesús, contou ter deixado esposa e três filhos para fugir de um bando que o perseguiu a tiros porque ele havia prendido alguns de seus membros enquanto estava no exército.

Em Reynosa, os perigos somente se multiplicaram. José Rubén Hernández, 32 anos, contou ter ficado em cativeiro durante duas semanas enquanto contrabandistas mexicanos extorquiam US$ 10 mil em resgate da família desesperada em Honduras.

Mesmo assim, os imigrantes ainda queriam contratar novos contrabandistas para tentar a travessia. "Ainda estou vivo e tenho fé em Deus, assim vou tentar chegar ao outro lado", afirmou Herrera.

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