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No primeiro episódio de "Marco Polo", nova série original da Netflix, o Imperador mongol Kublai Khan senta-se em um trono no seu palácio dourado e trama as futuras conquistas de seu império crescente.

Um de seus conselheiros lhe pergunta se ele deseja ser imperador da Mongólia ou imperador da China. Khan se levanta do seu trono, pega sua espada e grita: "Imperador da China? Imperador da Mongólia? Quero ser imperador do mundo!"

Essa frase poderia ter sido escrita para a própria Netflix e sua busca pela expansão global. A empresa de streaming está presente em mais de 50 países e conta com um total de mais de 50 milhões de assinantes globais. "Não é segredo nenhum que queremos que a Netflix seja um produto global", disse seu diretor de conteúdo, Ted Sarandos.

Do mesmo modo que o Império de Kublai Khan no século 13, a missão da Netflix no século 21 envolverá uma série de batalhas, pois a empresa encontra grandes diferenças culturais, rivais ferozes e custos elevados, entre outros desafios.

Questões de infraestrutura, como o estabelecimento de sistemas de pagamento para os clientes, foram as dificuldades encontradas na América Latina. E cerca de um quinto do valor de mercado da empresa evaporou-se desde meados de outubro, depois que ela decepcionou investidores com crescimento de assinaturas mais lento que o esperado. Alguns analistas preocupam-se com as crescentes obrigações relacionadas ao pagamento por conteúdo, que poderiam deixar a empresa em uma situação financeira precária.

Analistas preveem que a Netflix terá de enfrentar outras ameaças agora que mais empresas iniciam a transmissão de seus próprios serviços. Ela também precisa superar concorrentes como a HBO, que já possui um negócio internacional robusto e anunciou um acordo de streaming no mês passado na China. A Netflix está aumentando sua aposta internacional e se prepara para entrar em mercados como Austrália e Nova Zelândia em março, além de abocanhar direitos de transmissão global de filmes originais e programas de televisão.

Mas, talvez sua maior aposta de conteúdo seja "Marco Polo", sua série sobre as aventuras do viajante na corte de Kublai Khan. A Netflix detém os direitos internacionais do seriado, que é produzido pela Weinstein Company e está disponível para streaming em todos os países em que a Netflix está presente. Com um custo aproximado de US$ 90 milhões para os 10 episódios da primeira temporada, de acordo com executivos da indústria, acredita-se que somente "Game of Thrones", da HBO, tenha um orçamento maior.

Executivos e produtores disseram esperar que "Marco Polo" — filmado na Itália, no Cazaquistão e na Malásia, com um elenco internacional de centenas de atores e repleto de batalhas sangrentas, sexo, aventura, artes marciais e intrigas políticas — conquiste telespectadores ao redor do mundo. "Essa é fundamentalmente uma história universal. A viagem de Marco Polo é a jornada do herói, com a qual todas as culturas, em todo o mundo, podem se relacionar", disse John Fusco, criador e produtor executivo da série.

Durante as filmagens de "O Reino Proibido" em 2007, ele e seu filho atravessaram a Mongólia Central a cavalo. Ao longo do caminho, Fusco disse ter encontrado inúmeras histórias sobre Kublai Khan e Marco Polo. "Isso sempre me fascinou porque poucas pessoas fazem a conexão entre os dois. Marco Polo foi meio que enterrado sob uma nuvem de poeira histórica banal, mas a verdadeira história é muito mais emocionante", disse ele.

Depois de levar a ideia à Hollywood, Fusco acabou ouvindo falar de Harvey Weinstein. A Weinstein Company e o estúdio multimídia Electus anunciaram em 2012 que haviam encontrado um lar para a série no Starz, um dos grandes canais a cabo. A produção começou a enfrentar problemas. Buscando um orçamento maior, os produtores levaram a ideia à Netflix. Sarandos pegou o script de Fusco e não conseguiu parar de ler. Acabou assumindo o projeto.

A produção resultante é muito maior do que a série prevista pela Starz. A equipe de construção contou com 400 pessoas, e mais 160 no departamento de arte. Para as cenas de batalha, centenas de extras apareceram a caráter e a cavalo.

Os produtores haviam entrevistado mais de 100 atores sem encontrar seu Marco Polo. A esposa de Fusco, que trabalha com treinamento de atores, passou uma noite toda assistindo a testes de atuação até que encontrou um ator italiano pouco conhecido chamado Lorenzo Richelmy.

Richelmy, de 24 anos, voou para a Malásia e conseguiu o papel. Ele começou um programa de treinamento intensivo que incluiu quatro horas de malhação e aulas de artes marciais e de equitação todos os dias.

Os produtores reuniram uma equipe de conselheiros culturais e historiadores para garantir que a narrativa fosse autêntica o suficiente para segurar os telespectadores em todo o mundo.

O buxixo em torno do programa servirá como uma ferramenta promocional para a Netflix, agora que ela conquista novos mercados, disse Sarandos. Embora ainda não opere na Ásia, a possibilidade não foi descartada.

Sarandos compara a expansão global da Netflix com o próprio Marco Polo.

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