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Para aquele tipo específico de pessoa que adora estar ao livre, mas se entedia facilmente no verão e anseia pela excitação da descida de uma montanha no inverno, o título do "New York Times" parecia de mau agouro: "O Fim da Neve?".

O autor do artigo, Porter Fox, editor na revista "Powder", especializada em esqui, apresentava um quadro sombrio dos efeitos do aquecimento global sobre as pistas de esqui. "Nos últimos 47 anos, 2,6 milhões de km2 de cobertura de neve na primavera desapareceu do Hemisfério Norte", escreveu. "Se a mudança climática não for contida, dois terços das estações de esqui europeias deverão fechar até 2100."

A Rússia, que conseguiu realizar a Olimpíada de Inverno de Sochi num período de clima primaveril, não está se sentindo desestimulada. O país está agora começando a construir estações de esqui em todas as sete regiões do Cáucaso Norte. Mas a mudança climática não é a única ameaça para essa empreitada.

"A meta, talvez quixotesca, é atrair turistas russos e investidores estrangeiros para uma região mais conhecida por abrigar militantes islâmicos do que esquiadores", informou o "NYT".

Uma insurgência separatista e as ações de contraterrorismo afetam há muito tempo a economia do Cáucaso Norte. O projeto de esqui, de US$ 15 bilhões, "é uma estratégia nova e arriscada para romper o ciclo de violência e pobreza", observou o "NYT". O jornal citou um relatório do International Crisis Group segundo o qual o projeto "poderia se tornar locomotiva do desenvolvimento". Mas, se forem considerados os atentados terroristas, como o que matou três esquiadores no monte Elbrus em 2011, a situação "é volátil demais para permitir o turismo", disse a consultoria.

Autoridades russas discordam. Citando outros destinos frequentados por turistas russos, Aleksandr Khloponin, o enviado presidencial para a região, disse: "É menos perigoso no Egito? Ou na Líbia, ou na costa marroquina?".

Isso leva a pensar sobre o que eles achariam de esquiar no Afeganistão. Alguns visitantes começaram a se aventurar até a relativamente segura cidade montanhosa de Bamian, no centro do Afeganistão, onde o evento internacional Desafio do Esqui atraiu recentemente 20 pessoas de meia dúzia de países.

O "NYT" constatou que num dia recente "somente três turistas estrangeiros visitavam ao local, mas isso significava três a mais do que em muitos anos anteriores". Há planos de inaugurar dois hotéis neste ano, e uma nova companhia aérea privada permite que os visitantes escapem dos postos de controle dos insurgentes nas estradas que conduzem ao local.

Se isso é mais aventura do que você deseja nas férias de inverno, considere uma alternativa popular no oeste dos EUA: arrume uma bicicleta. As nevascas estão diminuindo em Idaho, e isso criou oportunidades para os ciclistas que optam pelas chamadas "fat bikes" — mountain bikes equipadas com pneus de cerca de 12 centímetros de largura. Essas bicicletas têm melhor desempenho nas pistas em que a neve é fina demais para a prática do esqui.

"Isso está abrindo uma nova forma de ficar ao ar livre", disse ao "NYT" Chris Estrem, que além de praticar esqui fora de pista também viaja o mundo de bicicleta.

Tory Canfield, criador do Grupo de Promoção da Fat Bike, disse: "Andar de ‘fat bike’ na neve cria uma impressão de flutuabilidade etérea, que evoca a sensação de esquiar na neve em pó. Assim que os seus pneus rolam para frente, a sua boca se transforma em um enorme e gordo sorriso." E sem nenhum insurgente à vista.

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