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Alguns políticos parecem estar prontos a trabalhar na causa da desigualdade de renda. Mendigo em Almaty, Cazaquistão | Dean Cox /The New York Times
Alguns políticos parecem estar prontos a trabalhar na causa da desigualdade de renda. Mendigo em Almaty, Cazaquistão| Foto: Dean Cox /The New York Times

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a chamou de "o desafio definidor de nossa época". Bill de Blasio, o democrata eleito próximo prefeito da cidade de Nova York, fez dela uma questão central durante a campanha. Sir John Major, ex-primeiro-ministro britânico, disse tratar-se de um motivo de vergonha.

Nos últimos tempos, a desigualdade entre ricos e pobres vem chamando a atenção nos altos postos. Com a economia recuperando-se lentamente da Grande Recessão, muitas pessoas voltam a prosperar, mas muitos ainda estão batalhando.

Em Nova York, onde a riqueza espantosa convive lado a lado com a pobreza extrema, a disparidade pode ser surpreendente. Uma série em cinco partes no New York Times examinou a vida de um dos moradores mais pobres da cidade: Dasani, menina de 12 anos que vivia num abrigo para sem-teto no Brooklyn com os pais e sete irmãos.

"Ela pertence à grande e invisível tribo de mais de 22 mil crianças sem-teto de Nova York, o maior número desde a Grande Depressão, na metrópole mais desigual dos Estados Unidos", Andrea Elliott escreveu no jornal.

A série acompanhou Dasani e família enquanto eles se preocupavam em encontrar um lar mais permanente, enquanto enfrentavam camundongos no abrigo e a fome persistente. Em seu bairro, conjuntos populares e distribuição de alimentos estão a quadras de distância de mansões de US$ 2 milhões.

O número de pobres na cidade aumentou, segundo informou a reportagem, com quase meio milhão de nova-iorquinos vivendo perto ou abaixo da linha de pobreza. De Blasio citou essa estatística com frequência enquanto disputava a campanha eleitoral neste outono do Hemisfério Norte, prometendo criar habitações mais acessíveis e criar impostos sobre os ricos para bancar a educação da primeira infância.

Aliado de De Blasio, o presidente Obama afirmou que faria do combate à pobreza um tema central do restante do seu segundo mandato.

Os políticos costumam ter medo de abraçar a causa por causa das reclamações de "luta de classes", mas isso parece estar mudando, conforme escreveu Paul Krugman pouco tempo atrás no New York Times. Como muitos norte-americanos continuam desempregados depois da crise econômica, o governo deveria gastar mais em programas que atuam como redes de proteção, defendeu Krugman, em vez de se concentrar na redução da dívida pública.

"O presidente estava certo", ele escreveu. "A desigualdade é mesmo o desafio definidor de nossa época. Será que vamos fazer alguma coisa para enfrentar o desafio?"

O problema também está sendo levantado em muitos outros países. Major, do Partido Conservador, criticou recentemente o desequilíbrio crescente na sociedade britânica.

Ele reclamou a respeito das dificuldades encaradas pelos "destituídos silenciosos" que "trabalham com ardor, obedecem à lei, esperam um futuro melhor" e mesmo assim ficam "para trás embora não tenham culpa", noticiou o jornal. Oriundo de uma família operária, Major observou que a maioria dos políticos do país vinha de famílias ricas.

"Em todas as esferas de influência britânica, os altos escalões do poder em 2013 são majoritariamente detidos por quem estudou em instituições particulares ou se origina da abastada classe média", declarou Major. "Para mim, devido ao meu histórico, isso é muito chocante."

Muitos acreditam que ele se referia ao primeiro-ministro, David Cameron, e ao prefeito de Londres, Boris Johnson, entre outros, que estudaram em escolas particulares caras. O Partido Conservador poderia ser visto como o partido dos ricos, lamentou o jornal conservador The Daily Telegraph.

Major lamentou a respeito dos pobres que "para a vergonha de décadas de políticos – e eu me incluo entre eles – ainda existem milhões e milhões deles".

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