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Com seu best-seller “Nascido para Correr”, que conta a história de uma tribo de ultramaratonistas e de uma corrida anual de 80 km no México, Christopher McDougall ajudou a difundir o hábito de correr descalço.

Agora McDougall volta com outra história, “Natural Born Heroes: How a Daring Band of Misfits Mastered the Lost Secrets of Strength and Endurance” (“Heróis Natos: Como um Ousado Bando de Desajustados Dominou os Segredos Perdidos da Força e da Resistência”).

Com ele, ele espera novamente revirar de cabeça para baixo o mundo da atividade física, desta vez ao convencer as pessoas a saírem do ambiente estéril das academias para correrem, saltarem, atirarem coisas e escalarem ao ar livre. A seguir, uma versão editada da conversa:

P. De onde veio a ideia para esse livro?

R. Veio de “Nascido para Correr”, mas por acaso. Eu estava pesquisando sobre corredores indígenas e antigos quando topei com uma referência ao corredor de Creta. Ele era um mensageiro que corria a pé na Segunda Guerra Mundial.

Encontrei toda essa outra história fascinante sobre pessoas que, a pé, realizam façanhas sobrehumanas, atrás das linhas inimigas, correndo 60 a 160 quilômetros numa época de dieta de fome.

P. Atingir esse nível de aptidão parece algo inatingível. Há aqui uma lição para as pessoas normais?

R. Na verdade, o clássico ideal grego de herói era uma pessoa comum. Era uma virtude, uma responsabilidade, que toda pessoa desenvolvesse essas aptidões naturais, de modo a ser confiável em uma crise.

P. Quais são as aptidões de um herói nato?

R. Tem a ver com desenvolver suas habilidades naturais de modo a ter destreza para atirar, escalar e rastejar. A força tem a ver com a capacidade natural de recuperação plástica do nosso corpo para aproveitar essas reservas latentes de força.

P. Por que o sr. acha que as pessoas perderam as habilidades de atirar objetos e escalar?

R. Aos 5 ou 6 anos, enfiamos as crianças numa sala de aula e dizemos: “Sente-se aí. Não se mexa até as 15h e, em seguida, vá para casa fazer a lição”. Pegamos esses animais físicos e os transformamos em animais sedentários. A maioria dos esportes recreativos foi criada por homens e para homens, usando atributos masculinos, como a força do corpo.

Mas as habilidades reais, humanas, são aquelas nas quais as diferenças entre homens e mulheres são as mais tênues.

Os seres humanos têm uma grande destreza e capacidade de adaptação.

P. Então, como as pessoas devem mudar seus hábitos de exercício?

R. Acrescente ao seu treino coisas que você acha que não consegue fazer. Tente escalar uma corda. Ande de quatro. Saia de casa e faça coisas que você não está esperando.

P. Por que exercício ao ar livre é melhor do que um treino numa academia?

R. Na academia você está em um assento acolchoado, amarrado e isolando um músculo. Toda a amplitude do movimento foi eliminada. No mundo real, você não isola um músculo ao se mexer. Há 40 anos estamos tentando o modelo da máquina estacionária, e falhou. Ele se baseia no fisiculturismo. Tamanho nunca foi o objetivo do caçador-coletor.

P. Muita gente adotou a corrida descalça depois do seu primeiro livro. Qual é o conselho deste?

R. Qual é o sentido do seu exercício? Por que você está ficando grande ou levantando coisas se isso não é útil? Posso usar essa habilidade para pegar uma criança que precise de ajuda ou usar isso para puxar uma corda?

P. Então, que tipo de treinamento o sr. faz atualmente?

R. Eu me apaixonei pelo parkour. As pessoas pensam que é só cometer imprudências sobre telhados, mas trata-se de aprender a mudar o peso corporal. Também faço corridas fora de trilhas e em leitos de córregos. Essa pisada insegura permite que você trabalhe a agilidade e a desenvoltura.

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