Com o envelhecimento de plataformas de petróleo, muitos países terão que decidir se elas serão afundadas ou se terão outro propósito. O Seaventures Dive Rig, hotel e escola mergulho em Bornéu| Foto: Adam Dean/The New York Times

Nos próximos anos, milhares de plataformas de exploração de petróleo e gás em alto mar, muitas delas construídas nas décadas de 1970 e 1980, precisarão ser desativadas. Os países proprietários terão que decidir se elas serão afundadas, removidas ou se terão outro propósito.

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Há inúmeras ideias do que pode ser feito com elas: prisões, residências, escolas de mergulho, pisciculturas, moinhos de energia eólica.

Diferentes das primeiras gerações de plataformas, as que estão sendo aposentadas agora são maiores, mais numerosas e estão espalhadas por todo o mundo. A maioria delas está muito velha para o uso industrial pesado, como perfuração, mas não velha o bastante para ser totalmente removida.

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As empresas de petróleo e gás normalmente preferem afundar os equipamentos porque é a solução mais barata. Muitos cientistas apoiam essa abordagem, dizendo que ela cria habitat subaquático e libera menos poluentes do que a remoção. Só o aluguel de uma barcaça para separar o equipamento a ser transportado pode custar mais de US$ 500 mil por dia.

Mas os críticos dizem que muitas plataformas realocadas fazem mais mal do que bem. Afundá-las para transformá-las em recifes não promove a vida aquática, dizem eles, apenas atrai peixes, concentrando-os para uma captura mais fácil. O metal oxida ao longo do tempo e pode causar uma poluição perigosa, de acordo com os cientistas. “Oceanos não deveriam ser ferros-velhos”, disse Richard Charter da Ocean Foundation, organização de defesa e pesquisa marinha.

Passar alguns dias em uma plataforma convertida no mar de Celebes, perto da costa de Bornéu, me deu a ideia do leque de possibilidades e desafios. “Não há mosquitos nem moscas. Não há areia entrando em sua roupa e você não vai se cansar de arrastar seu equipamento antes ou depois do mergulho”, disse Suzette Harris, do Seaventures Dive Rig, durante minha visita ao seu hotel e escola de mergulho —um lugar de beleza deslumbrante.

No entanto, o mar pode ser um lugar sem lei e muitas das plataformas de perfuração pelo mundo estão em águas remotas e por vezes perigosas. Levei quase 24 horas para chegar até Seaventures de um grande aeroporto (incluindo viagens por ônibus, avião de hélice e lancha).

Também há relatos de sequestros na região por um grupo guerrilheiro filipino. As Forças Armadas da Malásia colocam soldados na plataforma Seaventures à noite para proteger os hóspedes.

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Há outras propostas para essas plataformas. Há vários anos, uma empresa de arquitetura de Londres promoveu uma competição de projetos de construção de uma prisão. A Sea-steaders propôs comprar plataformas para criar comunidades em alto mar. A ideia é poder escapar do barulho urbano, das multidões, do crime e da poluição, ou do alcance das leis e dos impostos em águas internacionais.

Já Sharul Sham bin Dol, da Universidade Curtin em Sarawak, na Malásia, acredita que as plataformas poderiam funcionar muito bem para a piscicultura. “As gaiolas de peixes ficariam penduradas embaixo d’água, seria possível também reduzir os custos operacionais e de transporte”, disse.

Ainda está em aberto se mais plataformas podem ser convertidas em atrações turísticas como a Seaventures. As acomodações aqui são simples: os quartos são contêineres de aço de 12 metros. A tripulação disse que a água do mar corrói a estrutura de metal rapidamente, sendo preciso pintá-la várias vezes por ano. “Só os mergulhadores mais corajosos ficam conosco”, admitiu Suzette.

O debate sobre a melhor forma de aposentar plataformas antigas vai continuar. Conforme as empresas de petróleo e gás se aventuram cada vez mais em mar aberto — e em locais mais extremos —, os desafios de desativá-las provavelmente irão aumentar.

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