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O Google Glass não apenas chegou ao mundo, ele explodiu com o tipo de buxixo e alarde reservados aos iQualquercoisa da Apple.

Desde sua divulgação em 2012, o dispositivo — um computador de vestir semelhante a óculos com uma pequena tela sobre uma das lentes — era o sonho de consumo de nerds e fashionistas.

Tony Cenicola/The New York Times

A revista Time classificou-o entre as “Melhores Invenções do Ano”. Os Simpsons tiveram um episódio dedicado a ele, mas Homer chamava-o de “Oogle Goggles”. Presidentes do mundo todo o testaram. O príncipe Charles o usou.

Houve até um momento, na Semana da Moda de Nova York em 2012, quando Diane von Furstenberg usou um par vermelho e mandou suas modelos para a passarela usando o dispositivo em várias cores diferentes.

Porém, o maior falatório ocorreu recentemente quando o Google anunciou que o Glass, como foi apresentado, iria acabar.

Não era para a história acabar assim, mas, de acordo com vários funcionários e ex-funcionários do Google, a introdução do Glass — e o furor causado por ele — não era nem para ter começado assim.

No fim de 2009, Sebastian Thrun, gênio pesquisador e versátil da Universidade Stanford, na Califórnia, foi contratado pelo Google para desenvolver algumas ideias futurísticas. Ele então contratou um grupo de grandes cientistas e pesquisadores para trabalhar no famoso projeto “Google X”, incluindo Astro Teller e Babak Parviz, ambos na linha de frente do vestuário computadorizado, e Isabelle Olsson, designer do Google. Logo, Sergey Brin, um dos fundadores do Google, juntou-se ao projeto.

O Google X e o projeto dos óculos conseguiu ficar em segredo por mais de um ano. “Todos os dias, os funcionários do Google passavam por lá sem ter ideia do que acontecia no X”, disse um dos envolvidos no projeto.

Porém, começaram a surgir desavenças entre os engenheiros do X sobre as funções mais básicas do Google Glass. Uma facção argumentava que ele precisava ser usado o dia todo, como um “dispositivo fashion”, e outros achavam que ele deveria ser usado apenas para funções específicas.

Mesmo assim, todos concordavam que ele era apenas um protótipo com muitos pontos a serem trabalhados.

Houve um dissidente notável. Brin argumentou que o Glass precisava ser lançado para os consumidores e seu feedback seria usado para melhorar o design.

Para reforçar a noção de que o Glass era um trabalho ainda em desenvolvimento, o Google decidiu não vender a primeira versão nas lojas, limitando a experiência aos Glass Explorers, um seleto grupo de intelectuais e jornalistas que pagaram 1.500 dólares pelo privilégio de ser um dos primeiros usuários.

A estratégia deu errado. A exclusividade fez aumentar o interesse e jornais e revistas disputavam sua própria matéria sobre o assunto.

Brin parecia adorar a atenção e foi chamado de Tony Stark do mundo real, personagem da história em quadrinhos Iron Man. No final daquele ano, Brin sentou-se na primeira fileira do desfile de Diane, orgulhosamente usando um par do Glass.

Porém, os avaliadores técnicos que finalmente conseguiram por as mãos em um par, o descreveram como “o pior produto de todos os tempos”. Sua bateria não durava nada e ele estava “cheio de bugs”. Surgiram também preocupações sobre a privacidade e ele foi banido de bares, cinemas e cassinos de Las Vegas.

Ele se transformou de dispositivo cobiçado em motivo de piada. Surgiu ate um site no Tumblr chamado “Homens Brancos usando Google Glass”.

Daí em diante, o Google Glass foi murchando. Os primeiros contratados do Google X saíram, incluindo Parviz, que foi para a Amazon. Brin parou de usá-lo em público.

E quando, no mês passado, o Google repentinamente anunciou o fechamento do programa Glass Explorer, todos falaram da morte do Glass.

Talvez não fosse.

O Glass está agora sob o comando de Ivy Ross, designer de joias da divisão de óculos do Google, e Tony Fadell, ex-produtor executivo da Apple e criador da Nest, startup de tecnologia doméstica.

Muitas pessoas que conhecem os planos de Fadell para o Glass disseram que ele está reprojetando o produto do zero e não irá lançar nada até que esteja completo.

“Não haverá testes públicos”, disse alguém ligado à Farell. “Tony é um homem de produtos e não lançará nada que não esteja perfeito.”

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