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Por Multiplicam-se nos EUA os protestos contra a proliferação de provas padronizadas. Para muitos pais e professores, a escola passou a ser pouco mais que uma série de sessões de preparo para o próximo exame ou avaliação.Segundo pesquisas, esse método está do avesso. São as provas que devem servir de estudo para o aluno, não o aluno que deveria estudar para as provas.

Em um experimento publicado no final de 2013, dois psicólogos da Universidade do Texas cancelaram o exame final de 900 alunos de seu curso de introdução à psicologia e o substituíram por uma série de provinhas que os alunos faziam no começo de cada aula."Eles não gostaram, pelo menos no início", disse um dos professores, James W. Pennebaker. O outro, Samuel D. Gosling, explicou: "Nas primeiras semanas, cada vez que os amigos deles saíam para beber, nossos alunos não podiam ir: teriam que encarar outra provinha na manhã seguinte."

Mas os alunos deles se saíram significativamente melhor que os de outra turma de introdução à psicologia, tanto em termos de notas quanto numa prova maior que incluiu 17 das mesmas questões que figuraram tanto nas provinhas quanto no exame de metade de semestre da turma. As provinhas beneficiaram especialmente o tipo de aluno que só percebe o quanto está atrasado com os estudos quando já é tarde demais.

Henry L. Roediger III, da Universidade Washington, em St. Louis, Missouri, afirma que provas de escala e intensidade variadas podem aprofundar a aprendizagem. "Hoje sabemos que as provas, incluindo os autotestes, são uma forma de estudo especialmente poderosa."

Como assim? Porque recuperar informações, fórmulas e conceitos é um ato mental tríplice: procurar a informação nas imensas catacumbas do cérebro; levar a informação para a mente; e, finalmente, armazená-la.

A memória recém-armazenada será embutida em muitas associações e conexões adicionais e será muito mais fácil de ser recuperada do que seria se você meramente relesse a informação.

A vantagem de ampliar a aplicação de provas para além da avaliação básica é que essa abordagem pode ser usada em casa, sem dificuldade, com estudantes de todas as idades. A maioria das crianças faz sua lição de casa a contragosto, mas muitas adoram brincar de professor. Ao reduzir a "hora de estudo" e pedir a seus filhos que façam o papel de professores, os pais poderão tornar o aprendizado mais divertido e interativo, fazendo dele uma experiência mais rica. Ensinar é fazer um autoteste de um tipo especialmente potente.

A mesma coisa é válida quando se trata de escrever um resumo de um capítulo (com o livro fechado) ou falar do material com um amigo ou colega. Uma razão pela qual os cientistas acham que estudar em duplas ou grupos pode ajudar é que os estudantes são forçados a conversar sobre o material –e, melhor ainda, discutir sobre ele. Todas essas coisas são formas de autoteste e, como tais, aprofundam a aprendizagem.

O cérebro é uma exótica máquina de aprendizagem. Ele não gosta de receber ordens. Você pode mandar o cérebro lembrar-se dos grandes nomes da história, destacando a importância crucial disso, e, mesmo assim, seu cérebro pode se lembrar de muito pouco num exame uma semana mais tarde. No entanto, você talvez se recorde de cada jogador de cada time que participou das eliminatórias do último torneio da Liga dos Campeões.

Por quê? Porque o cérebro não ouve o que você diz —ele observa o que você faz. Pensar com frequência sobre os gols e passes de Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi e discutir com outras pessoas sobre os jogadores são formas sutis de testar seus conhecimentos.

O testar, sob todas suas formas, sutis ou não, convence o cérebro de que a informação é útil e importante. Ao variar nossas estratégias de teste, o exame final passa a ser muito menos assustador.

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