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Não é assustador como "A Vingança dos Zumbis" nem divertido como "A Vingança dos Nerds", mas está acontecendo: "A Vingança do Estagiário Não Remunerado". Não é um filme. Mas pode estar chegando a uma empresa próxima de você.

A vingança assume a forma de dezenas de ações judiciais movidas nos últimos meses —nos EUA e em toda a Europa—, contra companhias que oferecem estágios mal remunerados ou não remunerados a profissionais jovens e ansiosos por uma oportunidade. As ações alegam que a empresas não estão praticando a educação, mas a exploração.

Em junho o estúdio de cinema Fox Searchlight foi condenado por pagar a seus estagiários valores inferiores ao salário mínimo pelo trabalho deles no filme "Cisne Negro". No final de outubro, a grande empresa de mídia Condé Nast anunciou o encerramento de seu influente programa de estágio, depois de ter sido processada por dois antigos estagiários. A lei dos Estados Unidos permite estágios não remunerados em empresas com fins lucrativos, desde que as empresas ofereçam aos estagiários um "ambiente educativo".

Pessoas como Ross Perlin, que escreveu "Intern Nation" (Nação de estagiários), acham que os estágios são uma maneira de as empresas conseguirem mão de obra gratuita para substituir o trabalho essencial de milhares de funcionários demitidos. "Para muitas pessoas, estágios se tornaram algo levemente vergonhoso, algo que remete a trabalho manual, imaturidade, dependência dos pais e estar num beco sem saída", escreveu no "New York Times". "Enquanto o sistema se mantiver como está, a revolta dos estagiários vai continuar."

Outros pedem uma revolta contra a mentalidade do trabalho de graça. Para o humorista Tim Kreider, a injustiça assume a forma da desvalorização do chamado "conteúdo", antes conhecido como arte e textos escritos, na era digital. "Pessoas que achariam um bizarro erro de conduta querer que alguém lhes desse um corte de cabelos ou um refrigerante de graça pedem, na cara dura e com a consciência tranquila, que você se disponha a lhes escrever um texto ou desenhar uma ilustração, de graça". "Muitas vezes elas começam lhe dizendo quanto admiram seu trabalho. Mas fica claro que não o admiram o suficiente para se disporem a pagar por ele."

Kreider conclui que os tempos mudaram. "Isto é, em parte, efeito colateral de nossa economia da informação, em que ‘pagar por coisas’ é um hábito desacreditado e pitoresco do século 20, assim como telefonar para uma pessoa depois de fazer sexo com ela". Mas ele incentiva seus leitores a resistir e não entregar seu trabalho de graça. "Não é certo e não deveria ser profissional ou socialmente aceitável que as pessoas nos dissessem, repetidas vezes, que nossa vocação não tem valor."

Os estudantes universitários que não estão preocupados com a ética da economia regida pela sobrevivência do mais forte talvez queiram seguir o caminho mais prático e visitar o site PayScale.com, que apresenta um ranking das universidades segundo os salários médios dos estudantes que se formaram nelas, quando chegam ao ponto médio de suas carreiras. Nesse caso, a opção ideal pode não ser a Universidade Yale (12° lugar) ou a Universidade Columbia (54°), mas o menos conhecido Harvey Mudd College (1°), instituição privada pequena da Califórnia que tem menos de mil alunos. A reitora da universidade, Maria Klawe, disse ao NYT que o salário inicial médio para os formandos do ano passado que encontraram emprego foi superior a US$ 77 mil por ano. Mais de 20, disse ela, encontrarem empregos com salários superiores a US$ 100 mil, e um, alguns anos atrás, conseguiu um emprego com salário inicial de US$ 280 mil. Como o aluno conseguiu esse feito? De acordo com a reitora, durante seu estágio de verão ele criou um algoritmo para negociar ações em alta velocidade.

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