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A população de borboletas monarca caiu drasticamente, à medida que a serralha dá lugar ao milho | Keith Meyers/The New York Times
A população de borboletas monarca caiu drasticamente, à medida que a serralha dá lugar ao milho| Foto: Keith Meyers/The New York Times

Saindo de uma picape Ford prateada na planície açoitada pelo vento em que Iowa se transforma em dezembro, Laura Jackson foi até um matagal para recolher galhos secos e agarrar seu prêmio em forma de gota.

Era uma vagem que, depois de um apertão delicado, soltou uma série de botões marrons: sementes de serralha, o alimento predileto – na verdade, o único – da lagarta que dá origem à borboleta monarca.

Comum e silvestre no passado, a serralha tem diminuído à medida que terras cultivadas invadem os campos e as áreas de preservação. Isso também levou à diminuição no número das icônicas borboletas monarcas.

A dra. Jackson, bióloga da Universidade do Norte do Iowa e diretora do Tallgrass Prairie Center, está envolvida no esforço crescente para resgatar a borboleta monarca. A instituição não apenas cultiva sementes de serralha para o departamento de recursos naturais do estado, que as espalha em parques e outras terras do governo, mas também ajudou a semear milhares de hectares de serralha e outras plantas nativas em uma iniciativa para reviver a flora e a fauna que já cobriu mais de 80 por cento do estado.

Em todo o país, organizações trabalham para aumentar o número de borboletas monarca. Na Universidade de Minnesota, uma coalizão de agências do governo e organizações sem fins lucrativos chamada Monarch Joint Venture está financiando a iniciativa de preservação. Na Universidade do Kansas, a Monarch Watch arregimentou apoiadores para criar quase 7.450 estações, quintais repletos de serralha e outros locais de alimentação e criação ao longo das rotas de migração nas Costas Leste e Oeste e no Meio-Oeste Americano.

Porém, a batalha ainda não terminou. O número de monarcas que completaram a rota migratória mais longa e difícil neste outono, partindo do norte dos Estados Unidos e do Canadá até a floresta em uma encosta de montanha no México, despencou, chegando aparentemente ao nível mais baixo já registrado. Em 2010, na Universidade do Norte do Iowa, uma contagem realizada no verão em cerca de 40 hectares de gramíneas e flores das pradarias revelou 176 monarcas; este ano, havia apenas 11. O declínio tem muitas causas: mau tempo durante a migração, desmatamento ilegal do local onde elas vivem no México durante o inverno, pesticidas e fungicidas. Porém, a maior ameaça é a diminuição de seu habitat natural no Meio-Oeste e nas Grandes Planícies. Em outras palavras, a serralha não é mais abundante o bastante para alimentar as nuvens de monarcas.

A demanda cada vez maior por milho, alimentada pela exigência federal de que a gasolina contenha etanol de milho, triplicou os preços em uma década e encorajou os agricultores a plantar até mesmo em lugares que eram considerados inúteis. Um estudo que analisou o uso da terra em cinco estados do Meio-Oeste revelou que, entre 2006 e 2011, de cinco a 30 por cento de todos os campos foram convertidos em plantações de milho e soja, índice "comparável ao do desmatamento no Brasil, na Malásia e na Indonésia". Ao mesmo tempo, a engenharia genética das plantações permitiu o uso amplo de herbicidas que acabaram com a serralha em muitos lugares.

Por mais ameaçadas que estejam, as borboletas têm uma vantagem: sua popularidade inigualável. Os cientistas confirmam quem nem as borboletas, nem seu ciclo migratório são fundamentais para o equilíbrio da natureza. Porém, como argumento para preservacionistas e alerta precoce dos problemas ambientais, elas são muito valiosas.

O diretor da Monarch Watch, Chip Taylor, afirmou estar convencido de que a migração anual para o México poderia ser revivida. Os problemas do inseto provavelmente eram tão grandes quanto durante as tempestades de areia dos anos 1930, senão maiores, afirmou. Porém, até o momento, os defensores das borboletas estão falando entre si "e nós não somos muitos".

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