Num momento em que os smartphones substituem os telefones fixos e os calendários on-line assumem a função das agendas de papel, a impressão é que o escritório migrou de vez para o ciberespaço. Mas o contrário parece estar acontecendo na indústria da moda de Nova York.

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Nos últimos anos, muitas das principais empresas de vestuário de Manhattan vêm expandindo ou reconfigurando suas sedes para dar lugar a showrooms maiores, nos quais os clientes varejistas podem passar a mão pelas peças antes de fecharem uma compra para suas lojas.

Em alguns casos, as empresas deslocaram seus funcionários para escritórios pequenos e compartilhados, a fim de criarem showrooms maiores. Em outros, segundo analistas do setor, as empresas tiveram de se mudar de endereço para terem condições de oferecer showrooms usados de forma intermitente.

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"Você precisa ser capaz de tocar e sentir os produtos nas suas mãos", disse Matthew Astrachan, da Jones Lang LaSalle, imobiliária especializada em imóveis comerciais. "Não dá para confiar em uma tela para vender roupas", disse Astrachan, que em mais de duas décadas no ramo já trabalhou com dezenas de clientes do mundo da moda.

Quem concorda com isso, aparentemente, é a PVH Corporation, empresa global do setor de vestuário. Segundo corretores, a firma está reformando e ampliando uma série de showrooms.

A PVH —conglomerado cujas marcas incluem Tommy Hilfiger, Calvin Klein e Izod— renovou o aluguel de um edifício de seis andares para seu showroom, acrescentando um piso adicional com 2.500 m2, disse Astrachan, que intermediou esse acordo, o maior do ano passado no setor de vestuário.

O negócio —que aconteceu logo depois de a PVH adquirir a Warnaco, outra empresa do setor, por cerca de US$ 3 bilhões— também permite que a empresa junte operações. Um conjunto de escritórios da Calvin Klein, de dois andares, está agora em vias de ser fechado.

Nos últimos anos, o estilista italiano Valentino também reformulou sua sede norte-americana para transformar escritórios em showrooms. Hoje, eles ostentam pisos de madeira escura e luminárias instaladas em trilhos.

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Funcionários lotam um labirinto de salas estreitas no fundo do andar. Numa tarde recente, um espaço que já foi um único escritório tinha cinco funcionários, disseram os corretores. Ecoando uma tendência de design predominante entre as start-ups tecnológicas, grifes de moda como a de Valentino estão colocando funcionários em espaços mais próximos, para estimular a colaboração, dizem os corretores, ao mesmo tempo em que utilizam o espaço de forma mais eficiente.

Na média, funcionários do setor de vestuário precisam atualmente de 20% menos espaço do que há cinco anos, segundo o corretor imobiliário Daniel Horowitz, da empresa Studley, que já representou a Valentino e empresas similares.

E os jovens se sentem confortáveis em assentos tipo banco, popularizados pelo Starbucks e outros estabelecimentos, disse o corretor Jeffrey Peck, sócio de Horowitz. "Obviamente, os funcionários são muito importantes e você quer lhes dar o melhor ambiente de trabalho possível", afirmou. "Mas os bancos liberam espaço para showrooms e amenidades." A Burberry, por exemplo, foi capaz de construir um café ao reconfigurar sua sede, em 2009, disse Peck.

Em um setor que tem enfrentado vendas fracas nos últimos anos, os showrooms também podem servir para outro propósito —eles permitem que os estilistas exerçam mais influência sobre o processo de compra.

A marca Missoni, da Valentino, por exemplo, está representada em um showroom onde bolsas ficam dispostas em prateleiras de vidro, numa imagem espelhada de uma loja Missoni, concebida para estabelecer uma maior relação com os compradores, segundo Peck.

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