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Li Tao, fundador do Grupo Apus, à direita, falou a uma dúzia de investidores em 45 dias e arrecadou US$100 milhões | Gilles Sabrié/The New York Times
Li Tao, fundador do Grupo Apus, à direita, falou a uma dúzia de investidores em 45 dias e arrecadou US$100 milhões| Foto: Gilles Sabrié/The New York Times

A valorização de uma empresa de aplicativos do zero para US$1 bilhão em pouco mais de um ano, a partir do lançamento de seu primeiro produto, normalmente causaria um verdadeiro frenesi – e inveja – dentro do Vale do Silício. No entanto, o Grupo Apus, que conseguiu esse desempenho meteórico, é praticamente desconhecido por lá porque tem sede na China.

No primeiro semestre deste ano, 46 startups da Ásia receberam, juntas, mais de US$100 milhões, pouco menos que as 48 norte-americanas, segundo a firma de pesquisas CB Insights. O que se vê é que o foco do investidor asiático reflete uma realidade cada vez mais descentralizada da aplicação na tecnologia: bancos, firmas de private equity, fundos de capital de risco e gigantes da Internet, todos estão dispostos a investir em empresas domésticas que estão começando agora; já o ocidental está cada vez mais disposto a apoiar financeiramente as asiáticas que estão em vantagem no próprio mercado doméstico.

A agitação das últimas semanas na bolsa de valores chinesa, porém, levanta novas questões sobre o ritmo desses investimentos.

Kai-Fu Lee, CEO da “incubadora” de startups Innovation Works e ex-presidente do Google, prevê que a queda não fará cessar as grandes aplicações. Isso porque qualquer baque será suavizado pelos investidores norte-americanos e muitas das maiores empresas de tecnologia chinesas estão listadas nas bolsas dos EUA.

“Além disso, os fundos principais ainda têm bastante capital de risco, ou seja, as empresas de tecnologia sólidas continuarão a exigir uma valorização justa”, afirma ele. China e Índia têm dois dos maiores mercados de smartphone do mundo e os investidores estão interessados em descobrir como faturar com esses gigantes.

Companhias pequenas de hardware que usam seu conhecimento da cadeia de fornecimento chinesa para produzir sensores e dispositivos novos, como drones, também estão chamando a atenção – e fazem parte do nicho que ainda não foi dominado pelos nomes mais fortes do setor.

Na China, o mercado tecnológico é protegido da competição externa pela disputa interna, que é feroz; além disso, há a censura e o bloqueio de companhias de estrangeiras de Internet. As nacionais gigantescas como Baidu, Alibaba e Tencent gastaram bilhões nos últimos dois anos com investimentos estratégicos e adquirindo firmas menores para reforçar o ponto focal dos negócios na China.

O número de chineses que participaram desse investimento de US$100 milhões nas empresas do país é duas vezes maior que o de norte-americanos que fizeram o mesmo na China. O dinheiro que ajudou tantas startups já alcança uma valorização de US$1 bilhão; essas empresas são chamadas de unicórnios. E em 2014, treze foram criadas por investimento privado na Ásia; na América do Norte, esse número chegou a trinta, de acordo com a CB Insights. Só este ano, a Ásia gerou onze; os norte-americanos, 19.

A ascensão do Grupo Apus mostra bem como vem funcionando o mercado: três meses depois de ter lançado seu primeiro aplicativo, em julho de 2014 – que funciona como uma interface visual para facilitar o uso do sistema operacional Android – a empresa tinha 40 milhões de downloads, muitos de países como a Indonésia, onde os usuários dos modelos mais baratos queriam melhorar a funcionalidade do telefone.

Com a velocidade absurda do ritmo de adoção, Li Tao, fundador do grupo, começou a pensar em arrecadar fundos. Conversou com uma dúzia de grandes investidores e, em 45 dias, acabou levantando US$100 milhões de três firmas de capital de risco.

Na Índia, as duas maiores operações foram feitas pelo fundo de cobertura norte-americano Tiger Global Management e o gigante do comércio eletrônico chinês, Alibaba – que, ao lado da afiliada Ant Financial, investiu US$575 milhões na companhia de comércio móvel One97. A Tiger, por sua vez, colocou US$500 milhões no principal site indiano de comércio eletrônico, o Flipkart – e apesar de não ter aplicado este ano ainda nos EUA, concentrou 82 por cento dos novos investimentos em startups indianas, de acordo com o relatório de junho da CB Insights.

“A Índia é um dos países mais jovens com uma penetração móvel é baixa. Com mais de um bilhão de habitantes, por que não seria um dos maiores centros tecnológicos do futuro? É nisso que os investidores estão pensando”, conta Michael Dempsey, analista da CB Insights.

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